
Evento “Vestir Amazônia, reflorestar o clima” leva desfile-manifesto da ASSOBIO à Ilha do Combu e conecta moda, bem-viver e justiça climática nas ativações paralelas da COP30. Foto: Divulgação
Na COP30, falar de clima passa também por falar de quem produz, circula e usa roupa. Em plena Ilha do Combu, na Amazônia, a ASSOBIO organiza um dos encontros que ajudam a traduzir essa virada: o evento “Vestir Amazônia, reflorestar o clima”, parte das ativações paralelas da conferência, usa a moda como linguagem política, sensorial e regenerativa.
Idealizado pelo Grupo de Trabalho de Moda e Beleza da ASSOBIO, com direção criativa de Sioduhi e apoio da Riachuelo, o projeto reúne dois painéis temáticos e um desfile-manifesto inédito para discutir o futuro da moda feita com e pela floresta. A passarela deixa de ser vitrine de coleção e se torna espaço de imaginação sobre trabalho, bem-viver e justiça climática.
O desfile “Vestir Amazônia, reflorestar o clima – Desfile-Manifesto da Assobio pelo Bem-viver” apresenta 25 looks de 15 marcas associadas à ASSOBIO e marcas convidadas. As peças exaltam saberes tradicionais, experimentos biomateriais e práticas regenerativas que nascem no território amazônico. A floresta aparece como fonte de beleza, tecnologia, cuidado e design, e não apenas como paisagem distante.
A encenação ganha força com a trilha sonora ao vivo da cantora Djuena Tikuna e com a presença de mestres da floresta em um dabucuri coletivo, ritual de celebração e troca ancestral. A ideia é que o público não assista apenas a uma sequência de looks, e sim participe de uma ocupação simbólica que conecta moda, ancestralidade e clima.
“Vestir a Amazônia é propor outra moda possível que refloreste os corpos, os territórios e a imaginação. A floresta é fonte de beleza, saber, tecnologia, cuidado e design. Este desfile é um ato de futuro”, afirma Tainah Fagundes, empreendedora da Da Tribu e conselheira da ASSOBIO, uma das lideranças do evento.
Para além do espetáculo, o encontro evidencia um ecossistema econômico em curso. A ASSOBIO atua para fortalecer a sociobioeconomia amazônica, e isso inclui, de forma central, os setores de moda, artesanato e beleza. Hoje, cerca de 30% dos negócios associados operam nessas cadeias e têm papel direto na regeneração econômica, cultural e ambiental da região, como destaca Paulo Reis, presidente da associação.

Evento “Vestir Amazônia, reflorestar o clima” leva desfile-manifesto da ASSOBIO à Ilha do Combu e conecta moda, bem-viver e justiça climática nas ativações paralelas da COP30. Foto: Divulgação
No line-up, os looks combinam peças de marcas amazônicas com colaborações de Riachuelo e Veja Shoes, além da presença de criadores que já são referência em sustentabilidade no Brasil, como Day Molina, Flavia Aranha, Catarina Mina e o próprio Sioduhi. A programação conta ainda com marcas como Positiv.a e Laces em diálogos sobre colaboração para estruturar cadeias produtivas que mantêm a floresta em pé.
Segundo pesquisa interna da ASSOBIO sobre bioeconomia, 95% dos negócios associados apontam o enfrentamento à crise climática como parte do seu propósito. Para Amanda Santana, empreendedora da Tucum e membro da rede, este desfile torna visível esse compromisso coletivo e funciona como convite para repensar produção e consumo a partir do cuidado com a floresta. Na COP30, “Vestir Amazônia, reflorestar o clima” marca um ponto de vista claro: a moda que emerge da Amazônia não é cenário folclórico, e sim protagonista de uma transição que cruza clima, cultura e economia. O que sobe na passarela, nesta ilha cercada de água e floresta, é uma proposta concreta de futuro.

