
De “Hannah Montana” ao Met Gala, o estilo de Miley Cyrus troca de pele a cada era e usa a moda como roteiro visual para a carreira da cantora. Foto: Reprodução
Miley Cyrus nunca foi só a garota de “Hannah Montana”. Desde cedo, ela entendeu que imagem é linguagem e usou figurino como extensão da própria voz. Cada fase da carreira vem com uma escolha de cabelo, de silhueta e de guarda-roupa que marca um novo capítulo. Se a cultura pop vive de eras, Miley aprendeu a anunciar as dela pela roupa antes mesmo do primeiro verso.
Na fase Disney, o uniforme era aquele clássico combo de calça jeans justa, botas, brilho e sobreposição. Tudo pensado para uma adolescente que precisava ser palatável às famílias, mas ainda assim brincar com a ideia de estrela pop em formação. Ali já estava plantada a semente: a moda como personagem, não só como decoração.

De “Hannah Montana” ao Met Gala, o estilo de Miley Cyrus troca de pele a cada era e usa a moda como roteiro visual para a carreira da cantora. Foto: Reprodução
Quando “Bangerz” chega, Miley vira a mesa. Ou melhor, sobe em cima dela! O cabelo curto, o loiro quase agressivo que nos lembra um mix de Supla com Ana Maria Braga, os bodies cavados, o látex, as pelúcias, a estética que flerta com o exagero fazem parte de um mesmo recado: não existe volta ao passado. Ela usa Jeremy Scott, Moschino e peças que parecem saídas de um desenho animado para gritar independência, sexualidade e descontrole calculado. Quem achou que era apenas polêmica não entendeu que ali a roupa era manifesto.
Com o tempo, o camaleão do pop muda de pele de novo. Vêm o mullet, as referências de rock dos anos 1980, os ternos justos, as calças de couro, as camisetas de banda, o “total black” assinado por casas como Saint Laurent e Gucci. No palco ou no tapete vermelho, Miley transita entre o glam rock, o country revisitado, o grunge polido. Um dia ela aparece de catsuit estruturado digno de arquivo de alta-costura, no outro surge de jeans gasto e cropped top andando por Nova York. Tudo faz parte da mesma equação.
O que amarra essas muitas versões não é a tendência da vez, e sim a liberdade. Miley não se comporta como vitrine de coleção, se comporta como editora da própria imagem. Ela mistura peças de passarela com vintage, brinca com proporções, usa transparência, recortes e cores fortes para acender ou suavizar a narrativa que quer construir em cada era.
No beauty, a lógica é a mesma. O cabelo vira marcador de fase: longo e ondulado, pixie cut, mullet, franjas, raiz escura. Nos olhos, o smokey pesado ou o delineado gráfico ajudam a reforçar essa persona que oscila entre rockstar clássica e ícone pop hiperconsciente da própria imagem. O batom vermelho, o nude, o gloss, tudo entra nesse jogo de afinar e distorcer o personagem Miley conforme o humor do momento.
É um jeito de dizer que a cantora usa moda como ferramenta de trabalho: para contar quem ela é, para enterrar versões antigas, para estrear novas fases e para testar até onde o corpo, a fama e a cultura pop conseguem ir juntos. Cada look, do palco ao Met Gala, é uma prova visual dessa trajetória que não tem medo de trocar de pele em público.














