por Antonio Haslauer
Uma das melhores maneiras de se conhecer uma pessoa é abrindo a sua geladeira. Lembro de casos em que seu conteúdo turbinou uma relação ainda engatinhando. Afinal, você é o que você come, não é assim que o ditado diz?
Recentemente, enquanto bisbilhotava as compras da vizinha de fila no caixa da House of Health da Lexington Avenue, em NY, onde moro, deparei com o kefir pela primeira vez. Era impossível determinar a idade da moça – 30, 35, 40 anos? Linda, magra e com uma pele ótima, ela estava comprando, além do tal kefir, uma série de outras coisas até então inéditas para mim, como kombucha e goji berries. “Pronto, esse é o segredo”, pensei.
Comecei experimentando o kefir. Aparentemente, é um iogurte. Ele parece banal, até você dar um google rápido. No primeiro resultado, descobri que também se trata de uma colônia de micro-organismos que se alimenta de lactose, mas é dez vezes mais potente que o iogurte. A promessa é que sua flora intestinal se torne praticamente biônica e que as bactérias causadoras de doenças sejam sumariamente destruídas por ele. O kefir também tem fama de ajudar no emagrecimento, possuir propriedades antioxi-dantes e, pasmem, anticancerígenas.
Descobri também que o bom kefir não é comprado no supermercado, mas, feito em casa. O detalhe é que a colônia produtora da tal maravilha ou é doada por quem os “cria” ou você deve encomendá-los pela internet.
Sem ter a menor ideia do que esperar, comprei os meus na Amazon e recebi um envelope contendo minha própria colônia – a qual apelidei carinhosamente de “bichinhos” e que, naquele estágio, consistia em 6 canjiquinhas amareladas guardadas em um saquinho plástico.
Depois de seguir à risca as instruções de reanimação do meu kefir postal, me tornei, em duas semanas, o feliz produtor dos meus próprios bichinhos – e já doava aos amigos as minhas primeiras “mudinhas” prontas para consumo. Passei a misturar uma porção dele com frutas, linhaça e chia no café-da-manhã.
Como acompanhamento, decidi provar também a tal goji berry, espécie de uvas passas vermelho-Valentino, conhecida como a fruta milagrosa do Himalaia. Muito usada na medicina chinesa, a goji é uma verdadeira bomba de vitaminas A e C que promove, além de longevidade, a saúde do fígado, melhora do sistema imunológico, circulação, visão e função sexual. Nada boba essa amiga da House of Health.
Completamente convencido, não tardei em provar o kombucha, bebida fermentada à base de chá e fungos que evoca o sabor da cidra e, como o kefir, é um probiótico com micro-organismos vivos que vão se instalar na sua flora intestinal e botar ordem total na casa, com propriedades desintoxicantes, emagrecedoras e, segundo alguns entusiastas, até reverter a chegada dos fios brancos.
Na era dos nutraceuticals (suplementos alimentares com propriedades cosméticas), fica cada vez mais claro que beleza e dieta estão mesmo interligadas. Recomendo fortemente bisbilhotar o carrinho de supermercado das lindas.