Ao lado de Lucas Nascimento, a modelo Barbara Emy usa vestido de chenille, €1.242 do inverno 2014 do estilista - Foto: Marcio Scavone/ Harper's Bazaar

Ao lado de Lucas Nascimento, a modelo Barbara Emy usa vestido de chenille, €1.242 do inverno 2014 do estilista – Foto: Marcio Scavone/Harper’s Bazaar

Por Vívian Sotocórno

Apontado como uma das maiores promessas da nova geração de estilistas radicados em Londres, Lucas Nascimento tem motivos de sobra para comemorar. O sul-matogrossense de Bonito, um paraíso preservado da natureza nacional, é parte de uma jovem turma brasileira que vem estabelecendo nome consistente no exterior, graças à combinação entre trabalho autoral, forte imagem de moda e posicionamento global. Com coleções que revolucionam o tricô na forma que o conhecíamos (não à toa, o estilista prefere chamá-lo de malharia retilínea), Lucas celebra um amadurecimento de sua marca, provando que tem fôlego para traduzir em vendas seu expertise.

Sua coleção de inverno 2014, apresentada em fevereiro na Tate Modern durante a semana de moda londrina, na qual desfilou pela segunda vez, marca uma nova fase de sua carreira. Reconhecido por trabalhar silhuetas atípicas e supermodernas para o tricô, o estilista introduziu novos tecidos em seu repertório. A trama continua, literalmente, como fio condutor, mas ganha apelo ainda mais sofisticado ao lado de casacos, vestidos e saias de couro e seda em silhuetas oversized. “Quando comecei, precisava mostrar aos editores a força do meu trabalho com malharia. Agora, posso explorar outros elementos que eu adoro, como a alfaiataria em tecido plano. Estou muito feliz com o resultado”, conta.

Alguns looks do inverno 2014 do estilista  - Foto: Reproducão/Harper's Bazaar

Alguns looks do inverno 2014 do estilista – Foto: Reproducão/Harper’s Bazaar

Apesar de morar em Londres há 11 anos, onde se formou no London College of Fashion, foi no Brasil que Lucas apresentou seu primeiro desfile oficial, em 2010, no Fashion Rio. Lá seguiu durante três estações. Mas, como é de conhecimento geral, aplausos nem sempre se traduzem em números no Brasil. “Adoro o País, mas voltei para Londres quando fui selecionado pelo NewGen, projeto que apoia novos estilistas na Inglaterra. Com a ajuda dele, a parte business da minha marca nasceu. Recebi muito suporte de como direcioná-la. Enquanto, no Brasil, eu apenas desfilava, aqui passei a vender”, comenta.

O projeto NewGen, criado há 20 anos pelo British Fashion Council e patrocinado pela Topshop, já revelou nomes como Matthew Williamson, Christopher Kane e Mary Katrantzou. De passagem por São Paulo para a abertura da segunda loja da Topshop na cidade, Kate Phelan, diretora criativa da gigante inglesa do fast-fashion, se diz fã de seu trabalho. “Lucas é fantástico!”, exclama. “Ele sabe criar uma imagem de moda que não deve nada às maiores grifes do planeta.Tenho certeza de que ele vai muito, muito longe”, afirma.

Alguns looks do inverno 2014 do estilista  - Foto: Reproducão/Harper's Bazaar

Mais looks do inverno 2014 do estilista – Foto: Reproducão/Harper’s Bazaar

Mesmo afastado do Brasil, Lucas reflete o País em seu trabalho por meio de um intenso jogo de texturas e cores.A inspiração é brasileira, mas sem vícios tropicais. “Adoro a arquitetura, a fauna e a flora locais.” O próximo passo é estabelecer pontos de venda por aqui, processo que já está em negociação. “Minhas coleções foram muito bem recebidas em outros lugares de clima quente, como Dubai e Los Angeles, e têm tudo para dar certo no Brasil”, conta. Por enquanto, Londres segue como seu principal mercado. And what is next? “Para o próximo inverno, planejo uma coleção cápsula masculina.”

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