Facetas de responsabilidade ambiental na Handred – Foto: Divulgação

A marca nacional Handred, comandada pelo diretor criativo André Namitala, é um ateliê vivo que pensa em seu impacto ambiental enquanto produz peças atemporais com foco em uma alfaiataria contemporânea. Recentemente, a marca embarcou em mais uma nova jornada com a abertura de sua nova loja em São Paulo, no shopping Pátio Higienópolis e mais uma edição da linha ‘Reconstrução’, uma das grandes iniciativas da marca sobre responsabilidade ambiental desde 2020.

Nesta edição pós-pandemia, a linha é composta por peças em edições limitadas feitas com a matéria prima excedente do ateliê da marca. O designer conversou com a Bazaar sobre sua relação com a sustentabilidade e os futuros projetos da marca para diminuir sua pegada ambiental como um todo.

Em primeiro lugar, o diretor criativo deixa claro que a Handred não se propõe a carregar o título ou bandeira de uma marca sustentável. Como assim? Com os pés no chão e uma visão realista, ele explica que isso é praticamente inviável para uma marca ativa no varejo da moda brasileiro ser 100% sustentável, onde existem tão poucos recursos acessíveis na cadeia produtiva com este selo.

Linha Reconstrução da Handred – Foto: Divulgação

A Handred procura em várias áreas da marca ter práticas sustentáveis, que diminuam seu impacto ambiental, a linha Reconstrução é uma dessas formas. “A Coleção Reconstrução surgiu na pandemia, quando tivemos que (quase) parar tudo e ver o que já tínhamos em casa, entender que nosso tesouro está todo aqui dentro e que poderíamos fazer toda uma nova coleção limitada, só com o reaproveitamento dos restos de tecidos remanescentes, seja de sobras de coleções, testes de estampas ou tingimentos não aprovados, ou de outras fontes”, comenta.

Ele conta que foi um processo de aprendizado e aprimoramento. Tiras finas de seda por exemplo podem virar uma peça única de patchwork, é uma coleção pequena quase exclusiva que com criatividade conseguiu olhar para o que estava parado. “Nossa missão permanente sempre foi poder se vestir bem usando apenas tecidos naturais e disso não abrimos mão, mesmo com o linho e a seda subindo de preço, a qualidade do nosso material e do acabamento das peças é primordial”, detalha o estilista.

Mesmo que a Handred já tenha nascido com o desejo de poder se vestir bem usando tecidos naturais, um lugar sem sintéticos e com menos plástico. André Namitala afirma que hoje é praticamente impossível ignorar a responsabilização ambiental, pessoalmente e empresarialmente. “Acredito que o principal é que todos na empresa sabem que o que produzimos aqui tem seu diferencial, não é uma roupa barata porque toma muitos cuidados e se mantém fiel à sua característica primordial”, o designer explica sobre a valorização do fazer manual e dos processos naturais da criação das peças sempre foram características essenciais na Handred.

Linha Reconstrução da Handred – Foto: Divulgação

Outras iniciativas da marca incluem as próprias sacolas da loja, que são sobras de tecidos da produção do ateliê, os pedaços pequenos que restam de um corte de calças cabem perfeitamente nas laterais das embalagens, por exemplo. Os sacos plásticos e as caixas de papelão que usamos para os envios das mercadorias entre lojas e atelier, são reutilizados e reciclados e existem um plano de implementar coletas mais sérias de lixos e resíduos, e de nos associarmos cada vez mais às tecelagens com selos sustentáveis.

Uma das iniciativas da coleção Reconstrução foi a equipe do ateliê da marca vestir as peças na campanha, uma ideia antiga, mas que pela correria só foi possível realizar agora. “Nessa Reconstrução estávamos com dificuldade de escolher que corpos deveriam vestir essas peças e representar essa ação, que é uma síntese de todo o trabalho conjunto do atelier”.

Segundo André, poder vestir as próprias pessoas responsáveis por esse enorme patchwork foi um momento emocionante, já que normalmente eles estão no mesmo lugar. “Ver toda a equipe animada e maquiando, de frente pro flash, vestindo a peça e depois ver tudo no site, foi realizador”. Em suas palavras, eles, literalmente, vestiram a camisa da ação.