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Ciente de que o maior desafio da humanidade é a crise climática, Marina Cançado comanda a Converge Capital, focada em promover investimentos sustentáveis e de impacto. A administradora paulistana acaba de criar uma plataforma para descomplicar a relação de marcas e criadores de conteúdo com o meio ambiente: a ATO, liderada em parceria com as sócias da Index, Taciana Veloso, Silvia Vidigal e Letícia Veloso.

Marina é a primeira convidada de Q&A, nova seção da Harper’s Bazaar Brasil. Leia abaixo o papo que batemos com a empresária:

Harper’s Bazaar – Como define o seu trabalho?

Marina Cançado – Na Converge Capital, canalizo e conecto investimentos com soluções efetivas aliadas ao clima e à sustentabilidade. Lanço, às vésperas do Brazil Climate Summit (que acontece entre 13 e 14 de setembro) em Nova York – que também organizo –, uma plataforma com o propósito de acelerar comportamentos na busca de um futuro sustentável por meio da comunicação, a ATO. O trabalho é apoiar criadores de conteúdo e marcas a falarem do tema de maneira fácil e descomplicada.

HB – Como começou a dominar assuntos como clima, crise climática e sustentabilidade?

MC – O primeiro negócio que desenhei, ainda na Fundação Getúlio Vargas (2006), foi uma plataforma de serviços focada no ser humano. Foi quando comecei essa via empreendedora e me dediquei aos Estudos do Futuro, em uma época onde duas grandes forças estavam ‘disruptando’: tecnologia e clima. Iriam remodelar todos os setores, as indústrias e a economia. Fui entender como formar esse futuro positivo. E mergulhei nos temas. Como negócios e investimentos podem, além de gerar lucro e fazer a economia girar, serem bons para as pessoas e para o planeta.

HB – E como imagina esse futuro?

MC – Vejo diferentes cenários e o que vai prosperar é aquele no qual vamos nos dedicar mais. Por isso, sempre advoguei para alinhar o capital e os investimentos nesse futuro a ser criado. Reflexo de onde colocamos investimento e energia nos negócios.

HB – O que te motiva a trabalhar com isso?

MC – Aterrissar essa agenda na vida das pessoas para caminhar na grande transformação dos próximos anos. Vi o surgimento dos influenciadores de educação financeira, como Nathalia Arcuri, Nath Finanças, o poder de um Kondzilla trabalhando com educação financeira. Sentia que estava faltando essa peça para mudar as narrativas e entender o que posso fazer para ser parte desse espírito do tempo, já pautado por valores diferentes.

HB – Qual o primeiro passo?

MC – Sair dessa percepção de que é preciso abraçar árvore, ser ecochato, muito restritivo ou fazer sacrifício, abrindo mão de tudo. Trazer uma perspectiva exploratória para rever comportamentos, produtos, hábitos e formas de viver. Abrir-se para ampliar e começar por onde é mais fácil para você, seja na alimentação, beleza limpa ou destinos que você frequenta. Não à toa que influenciadoras estão indo, cada vez mais, para a Semana de Moda Copenhague com essa proposta. Revisitar nossa forma de viver para encontrar equilíbrio com o planeta e a natureza para não comprometer recursos das futuras gerações. sustentabilidade é… Investir nos temas que vão gerar o futuro no qual eu quero viver.

HB – Onde se cruzam os impactos social e ambiental?

MB – Dois lados da mesma moeda.

HB – Já vivemos na era das climate techs?

MC – Globalmente, sim. No Brasil, ainda não. Não podemos perder o bonde dos próximos anos. Ano que vem define-se a presidência do G-20 e tem COP-30 em Belém, em 2025. Essenciais porque a atenção do mundo estará voltada para cá, com o capital querendo vir. É preciso ter soluções para aproveitar essa onda de investimentos.

HB – Quais são os pilares?

MC – Sistemas agroalimentares, soluções de floresta (biodiversidade, carbono, bioeconomia e produtos amazônicos), energia, mobilidade, descarbonização da indústria e economia circular, reduzindo desperdício, lixo e assim por diante.

HB – O que falta para o Brasil ter esse estalo?

MC – Reconhecer e assumir sua potência. Temos alguns dos ativos mais valiosos do mundo. Sem a Amazônia não se chega próximo ao zero nas reduções de carbono. Temos de nos colocar à mesa de maneira diferente, assumindo um protagonismo. Principal característica nos negócios. Capacidade de ver à frente, conectar com futuro, ir atrás dos repertórios para ser criativa, inovar, estruturar e fazer acontecer. Da visão à prática, dando meus jeitos no caminho.