Tiago Peixoto – Foto: Divulgação

Tiago Peixoto é um homem moderno. Aos 37 anos, é completamente apaixonado por tudo que é atual e não guarda esse sentimento para si. Ao contrário, faz questão de ser um agente de mudanças e tem sido um verdadeiro revolucionário na Cataguases, a tecelagem mineira que está na família há quatro gerações e que, desde janeiro de 2022, tem Tiago como CEO.

Sua presença na empresa, fundada em 1936, como a sucessora da Indústria Irmãos Peixoto, foi consumada em 2017, quando ele se uniu ao negócio como diretor-comercial. “Cheguei como um forasteiro”, admite. “Estava cheio de ideias e tinha o desejo de cultivar um olhar de marca, um perfil contemporâneo”.

Nascido no próprio município de Cataguases, ao sul de Minas Gerais, Tiago é um cosmopolita assumido. Estudou fora da cidade-natal e, antes de voltar para o berço do império familiar, teve passagens por Belo Horizonte e São Paulo, onde trabalhou no mercado financeiro.

“Quando voltei, entendi que a companhia não tinha uma preocupação genuína em se posicionar como marca e dialogar com o cliente de moda. Esse desejo nasceu no mesmo momento em que eu entrei na empresa e hoje é nosso principal foco”. Atualmente, a Cataguases tem capacidade para produzir 27 milhões de metros de tecido por ano (os tecidos planos leves de algodão e viscose são sua especialidade) e exporta para mais de 30 países.

O sucesso é sentido em várias esferas, ainda que novas gerações mais desatentas não percebam de imediato. Na última edição do São Paulo Fashion Week, por exemplo, a Cataguases produziu tecidos para looks desfilados nas passarelas de Ângela Brito, Heloisa Farias, Sou de Algodão, Meninos Rei, Santa Resistência, Ronaldo Silvestre e, talvez com maior destaque, Ellus.

É aqui que o trabalho de repaginação idealizado por Tiago procura realizar o maior impacto. Ele explica que “respeito e reverencio muito a tradição”, mas enxerga a necessidade de “trazer a Cataguases para os tempos digitais. E mudanças como essas estão longe de ser apenas uma atualização do logo. São parte de um reposicionamento cultural que precisa acontecer de dentro para fora”. Nada disso, ele admite, foi imediato ou fácil: “Precisei me ajustar muito e não fiz isso sozinho”.

Há dois anos, trouxe um adviser estratégico, Carlos Ferreirinha, hoje parte do conselho de administração. Mônica de Souza veio pouco depois, há um ano e meio, para liderar o rebranding a partir de suas experiências em marcas como Osklen, Sony Music e Animale. A seis mãos, o trio é responsável pela atualização completa da Cataguases. “Mergulhamos profundamente nessa empreitada. Estudamos nosso ecossistema, a relação umbilical da tecelagem com a cidade, os níveis comerciais com nossos clientes e parceiros, para que conseguíssemos chegar em um diagnóstico claro sobre a imagem da empresa no mercado. Só assim começamos a colocar os planos de mudanças em prática”.

Entre essas mudanças, a sustentabilidade “é uma questão prioritária”. O assunto é tema no grupo há anos. Em 2021, por exemplo, a companhia se aliou a famílias paraibanas produtoras de algodão para lançar produtos feitos com o material 100% orgânico. Narrativas como essas, discute Tiago, “precisam ser contadas de formas mais contemporâneas, informais”. Para usar uma expressão em alta, Tiago se destaca pelo mindset. “É fácil confundir tradição com o velho, com aquilo que não se atualizou. Minha missão como sucessor é acordar essa grande engrenagem chamada Cataguases para um mundo novo, mais contemporâneo, mais digital, mais diversos, mais sustentável”.