
Flávia Vagen – Foto: Divulgação
Moda, beleza e bem-estar têm se consolidado como forças capazes de impulsionar mudanças culturais, econômicas e sociais. É nesse contexto que a AYA Earth Partners, maior ecossistema dedicado a acelerar a economia regenerativa e de baixo carbono no Brasil, promove a segunda edição do AYA TALKS, nos dias 13 e 14 de agosto. O evento reúne líderes influentes para discutir os desafios e as oportunidades que construirão um futuro mais justo, sustentável e consciente.
Com curadoria de Flávia Vagen, profissional com mais de 25 anos de experiência em construção de marcas e estratégias no varejo de moda, o AYA TALKS reforça seu compromisso em abrir diálogos profundos e inspirar ações concretas. Flávia destaca a importância de equilibrar inovação, sustentabilidade e viabilidade econômica, além do papel fundamental do consumidor como co-criador das transformações necessárias.
Nesta entrevista exclusiva, Flávia compartilha sua visão sobre os critérios para escolha dos temas do evento, os desafios estruturais da cadeia produtiva e o papel essencial do consumidor na construção de um mercado mais inclusivo e consciente.
HARPER’S BAZAAR BRASIL – Quais foram os principais critérios para escolher os temas do AYA Talks, e como eles refletem os desafios mais urgentes da moda, beleza e bem-estar hoje?
FV – Os temas foram escolhidos com base nos desafios mais urgentes e reais enfrentados pelas indústrias da moda, beleza e bem-estar. Alinhamento com propósito, cada tema foi pensado para reforçar o propósito do AYA Talks: inspirar conversas profundas, provocar reflexão e impulsionar ações transformadoras. A necessidade de mudança já é prioridade nesses segmentos e temos que provocar essas trocas para fortalecermos esse movimento de transformação.
HBB – Como o AYA Talks consegue equilibrar o debate entre sustentabilidade e inovação sem perder o foco na viabilidade econômica?
FV – O objetivo deste evento é trazer à tona discussões e trocas fundamentais para esse segmento tão relevante e formador de hábitos, comportamentos e padrões de consumo. Queremos mostrar que inovação, responsabilidade e resultados podem e devem caminhar juntos. Em outras palavras, é possível transformar sem perder viabilidade. Por isso, os conteúdos apresentados foram pensados para priorizar cases práticos, aplicáveis e escaláveis, que comprovam que é possível inovar com responsabilidade, sem abrir mão da competitividade.
HBB – Você acredita que o setor está pronto para uma transformação profunda rumo à circularidade e bioeconomia? Quais sinais apontam para isso?
FV – Eu acredito que o setor não só está pronto como já tem realizado grandes entregas e soluções positivas, mas é claro que há muitos desafios pela frente. Temos avanços consideráveis nesse movimento de mudança e transformação, como: Materiais, reuso, reciclagem e biofabricação. Investimentos voltados para tecidos biodegradáveis, tinturas naturais, biomateriais e soluções regenerativas. Grandes empresas criando linhas circulares ou com metas ESG claras e mensuráveis. Consumidores mais conscientes, exigindo transparência e posicionamento verdadeiro.
HBB – Quais foram os maiores aprendizados que você teve ao curar um evento tão multidisciplinar e conectado à economia regenerativa?
FV – Foram muitos aprendizados, pois a curadoria não é sobre impor uma pauta, mas sim construir em conjunto, criar espaço para escutar e dialogar sobre o que o ecossistema precisa. Escuta ativa, conexão e engajamento foram os pilares que uniram os 55 painelistas em torno de um mesmo objetivo: a mudança. Todos compartilham a visão de que a economia regenerativa não é um conceito teórico, mas uma prática coletiva. Esse modelo só ganha corpo quando negócios, criadores, comunidades e ciência atuam juntos, respeitando tempos diferentes, mas com o mesmo propósito: restaurar e cuidar.
HBB – Como o AYA Talks dialoga com outras iniciativas internacionais para trazer o que há de mais avançado em sustentabilidade para o Brasil?
FV – A AYA EARTH PARTNERS é o primeiro e maior ecossistema dedicado a acelerar a economia regenerativa e de baixo carbono no Brasil. Dentro desse contexto, o AYA Talks surge com o propósito de aproximar as indústrias da moda, beleza e bem-estar dessa estrutura sólida, que já dialoga com as mais relevantes iniciativas sustentáveis e agendas internacionais. Nosso objetivo é que o AYA Talks atue como uma ponte entre o Brasil e o mundo, traduzindo o que há de mais avançado em sustentabilidade para um ecossistema mais acessível, diverso e conectado com nossa realidade.
HBB – Quais são os principais obstáculos que você identifica para que a moda, beleza e bem-estar possam ser verdadeiramente inclusivos e justos em suas cadeias produtivas?
FV – Ainda existe muita informalidade e invisibilidade na base da cadeia produtiva, além da falta de rastreabilidade e transparência nos processos de fornecimento. O modelo de consumo vigente, baseado em escala e velocidade, etc. Em resumo, promover inclusão e justiça nesse ecossistema exige mais do que boa vontade — é preciso uma mudança estrutural na lógica econômica e a união real do setor em torno de metas coletivas, compromissos éticos e resultados sustentáveis para todos os elos da cadeia.
HBB – Como você enxerga o papel do consumidor neste processo de transformação e qual a importância dele na cadeia de valor?
FV – O consumidor tem um papel fundamental nesse processo, ele não é apenas o ponto final da cadeia, mas um agente de influência sobre toda a lógica de produção e consumo, ele impulsiona a escolha consciente, ele é co-criador do sistema e sua atuação crítica, informada e engajada é o que pode transformar os caminhos do mercado. Sem ele, não há verdadeira mudança.
HBB – Me conta um pouco mais sobre sua carreira e caminho que percorreu até chegar aqui?
FV – Tenho uma carreira de mais de 25 anos dedicada à construção de marcas, branding e experiência com o cliente. Construí uma trajetória sólida no varejo de moda onde liderei estratégias de Marketing em grandes empresas como Arezzo&CO e grupo Rosset. Percorrer essa trajetória e chegar até aqui, em um momento em que a transformação nesse segmento não é apenas necessária, mas urgente, torna esse desafio ainda mais significativo. Hoje, o próximo passo da minha jornada profissional é guiado por um propósito maior: não olhar apenas para o futuro, mas agir no presente, contribuindo com minha experiência para impulsionar mudanças reais, conscientes e coletivas. Acredito que marcas têm o poder de inspirar, educar e regenerar e é nesse movimento que escolho estar.
Veja a programação completa do evento:
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