
Por Patricia Carta, com fotos de Christian Maldonado, edição de moda de Rodrigo Yaegashi, styling de Larissa Romano e beleza por Mayara Aleixo
Letícia Veloso percorre na sua trajetória responsabilidade social e melhorias para o meio ambiente. Sócia da agência de comunicação Index há 19 anos, dirige clientes de moda, de arte, design e de arquitetura e está sempre envolvida nos cases de responsabilidade socioambiental da empresa.
Faz um ano que está à frente da área de gestão de pessoas e, desde então, para levar mais conteúdo ao time, promove palestras sobre temas diversos, como sustentabilidade, wellness, saúde mental. Também já fez parcerias com escritórios especializados em inclusão e diversidade com o intuito de promover mudanças de cultura na empresa e inserir novos colaboradores.

Essas iniciativas institucionais migraram do seu jeito de ser consciente e sustentável. Jeito esse que Lele leva a dois e, muito em breve, levará a três. Ela e o marido, o economista e cozinheiro, Alexandre Pernet, esperam pela chegada do primeiro filho, Sebastião.

A história do casal é romântica, com um quê de conto de fadas. Moradores do mesmo prédio no bairro dos Jardins, em São Paulo, passaram três anos sem se notar. Em 2014, o namoro entre a moradora do segundo andar e o morador do primeiro engatou. Foi lá mesmo que Pernet começou o business Soul Kitchen, uma incubadora de eventos gastronômicos. Logo, o espaço de eventos com cozinha colaborativa ganhou
casa própria e expandiu para territórios mais distantes. Chegou em Alter do Chão, em Santarém, no Pará.

Devido aos eventos que Pernet promove na região, entre eles as conhecidas festas de final de ano, o casal criou vínculos com o lugar. Não à toa, foi onde se casaram, em 2016. O amor por Alter os fez participar de projetos sociais que angariam fundos para a construção de poços artesianos, como o Drops of Amazon, que leva água potável para as populações ribeirinhas. Lele e Pernet também contribuem com iniciativas que levam benefícios ao vilarejo de Alter do Chão e promovem o desenvolvimento sustentável da Amazônia por meio do turismo e da gastronomia.

Lele ainda procura engajar marcas, como o projeto desenvolvido com a joalheira Carla Amorim, em que parte da renda segue sendo revertida para a comunidade.

Em São Paulo, quando quebraram a laje para transformar os apartamentos em que viviam em um duplex, há dois anos, contrataram a gestora ambiental Carol Piccin para prestar consultoria sobre a obra, ao lado do escritório de arquitetura Messa Penna. Tudo foi pensado para o impacto ambiental ser o menor possível. Dos materiais aos acabamentos, incluindo os resíduos que tiveram destino certo ao serem retirados por caçambas registradas.

Um piso é de concreto e resíduos de vidro, apesar da aparência de cimento. Outro, é de taco de madeira certificada. A pintura da casa de textura rústica é à base de água e terra. As bancadas parecem de mármore, mas são de quartzo reciclado, vidro e areia. Também são reaproveitados os tecidos que revestem sofás e puffs.

Na cozinha, aço inox em tudo, porque é mais fácil de limpar, prático e resistente. Estrutura para reciclagem do lixo também foi feita e a iluminação é indireta para diminuir o uso de energia. Para Sebastião, que está a caminho, Lele pensa em um berço que possa virar cama mais tarde, assim como fazem parte do enxoval, roupas plissadas que esticam enquanto ele cresce.

O casal adora comer fora, visitar exposições de arte e viajar junto ou apenas com amigos. Eles reúnem pequenos grupos em casa para almoços, jantares e rodas de violão. Lele toca, os amigos acompanham com instrumentos de percussão. O casal curte ouvir a coleção de LPs em vinil em uma vitrola low tech.

“Responsabilidade ambiental está na nossa escolha do dia a dia. Pesquiso muito antes de comprar. Invisto tempo nessa mudança de estilo de vida, que nos faz abrir mão de certos privilégios em busca de uma sociedade menos desigual’’, conclui. Apesar de terem diminuído o consumo de carne, não são veganos. Mesmo assim, não se pode negar que já fazem bastante pelo planeta e, convenhamos, ninguém é de ferro.
