Foto: Getty Images

Por Greg Reis*

Para iniciar uma relação verdadeira, nada melhor do que expor vulnerabilidades. Já começo a nossa jornada me expondo aqui: nunca gostei de fazer mala de viagem. A minha relação com o meu modo de vestir é puramente emocional e simbólica. Tem a ver com o significado das peças que carrego e com o meu humor pela manhã. Às vezes, preciso daquela camisa que era do meu pai em um dia mais desafiador; às vezes, preciso de um colorido quando o dia nasce cinza, e por aí vai. Por isso, não consigo conceber planejar o tal do look. Não sei o que os dias vão pedir de mim. Diante dessa dificuldade, procrastinei e deixei a mala dessa viagem para a última hora.

Quando não dava mais para esperar, fui buscar subterfúgios: “Vamos ver a temperatura! Vinte e dois graus em Sharm el-Sheikh. Não sei o que isso quer dizer. Quente ou frio para uma cidade-resort no Egito?” Decidi então sair com a minha cachorrinha para o último passeio antes de deixá-la com a cuidadora. Nas ruas dos Jardins, em São Paulo, fazia 17 graus às 8 da manhã de domingo – 17 graus, no verão de novembro!

Greg Reis de boné e o Renato Martins, gerente de ESG do Grupo Malwee – Foto: Arquivo Pessoal

A COP é uma iniciativa da ONU que reúne lideranças mundiais para discutir o tema da mudança climática, seus efeitos e nossa vulnerabilidade diante do futuro incerto. Fiquei pensando no desafio enorme de sensibilização para o tema. No nosso imaginário, o clima vem “do céu”. Para a gente, ele ainda está em uma esfera mística da qual não temos controle. É São Pedro que toma conta e, no máximo, podemos deixar um desenho na areia para Santa Clara clarear, ou, em alguma tribo imaginária, fazer uma dança-da-chuva quando o chão está seco. Mas a realidade é que não dá mais para ignorar que encontrar um frio europeu no verão do Brasil é muito estranho. Não dá mais para deixar para depois – não dá!

Greg Reis – Foto: Arquivo Pessoal

Voltei com a Malu para casa e comecei a colocar na mala o que tenho de mais prático e rápido. Missão cumprida – com atraso, mas ok -, me senti confiante. Trinta e duas horas depois estou sentado na varanda do meu quarto de hotel escrevendo este texto e me dei conta de que não inseri na mala nenhum blazer para a conferência profissional mais importante do ano. Sei que, a essa altura, não importa, mas ficou a frase na cabeça: “É por isso que não dá para deixar para depois”.

Essa é a terceira vez que o Grupo Malwee vai à COP como convidada, e é a minha primeira vez. E quero convidar você, leitor e leitora, a me acompanhar neste meu Diário de Bordo da COP. Eu sou Greg Reis, Diretor Criativo do Grupo Malwee – e não gosto de fazer mala, agora você já sabe. 😉

*Greg Reis é diretor criativo do Grupo Malwee