Madeira engenheirada

Projeto do escritório Jacobsen – Foto: Fran Parente

Quando se fala em construção civil, algo conhecido como madeira engenheirada vem ganhando cada vez mais espaço — não apenas pela estética, mas como solução técnica de alto desempenho. Apelidada de “concreto do futuro”, trata-se de uma madeira que, ao invés de ser utilizada em seu estado bruto, passa por processos industriais para transformar-se num material otimizado para a construção civil.

“A madeira engenheirada é sempre composta por pequenos elementos de madeira unidos por um adesivo estrutural”, explica o engenheiro Hélio Olga, sócio-fundador da ITA Engenharia e especialista em madeira. O processo envolve uma seleção de madeiras, geralmente pinheiros e eucaliptos, que exclui pequenos defeitos e um alinhamento prévio das fibras. A seguir, elas são reorganizadas em painéis, lâminas ou tábuas que, a depender da configuração, podem ser coladas ou prensadas.

“Apesar de ser um derivado da madeira, ela tem resistência mecânica e estabilidade dimensional superiores à própria madeira”, diz Olga. Segundo ele, um dos diferenciais do material em relação à madeira maciça é a versatilidade.

Os dois tipos mais conhecidos são o CLT (Cross Laminated Timber) e o MLC (Glue Laminated Timber). O CLT são placas compostas por no mínimo três camadas de madeira empilhadas de forma perpendicular umas às outras. Já no MLC, lâminas de madeiras são coladas de modo que fiquem paralelas ao eixo longitudinal. De acordo com o engenheiro, o CLT costuma ser utilizado em lajes e paredes, enquanto o MLC é utilizado principalmente para pilares e vigas.

Madeira engenheirada

Projeto do escritório Nola – Foto: Pablo Casals Aguirre

Atualmente, esse tipo de madeira desperta interesse pois pode responder a urgência de construções mais sustentáveis: a produção de madeira engenheirada, quando proveniente de florestas manejadas, captura e retém dióxido de carbono. “A madeira tem recursos sustentáveis extraordinários, é o único material que absorve o CO2”, confirma Greg Bousquet, arquiteto fundador da Architects Office. Para Olga, o aproveitamento eficiente da matéria-prima e a confiabilidade em termos estruturais são os principais benefícios. Além disso, o uso do material pode permitir um cronograma de obra mais rápido.

Quanto à implementação em obras, o engenheiro diz que os cuidados são semelhantes aos de qualquer madeira: “Não ter contato com o solo e ter beirais grandes. Madeira e umidade criam as condições ideais para o desenvolvimento de organismos xilofagos”.