
Carnaval no Trem, de Walter Firmo – Foto: Cortesia do artista/IMS
Neste fim de ano, museus brasileiros estão determinados a mostrar que as festas, especialmente as populares, também são feitas de crenças, resistência e trabalho. Essa força coletiva, capaz de atravessar o cotidiano e mobilizar o país inteiro à folia, é desdobrada em três exposições que convidam o visitante a refletir sobre os rituais festivos que marcam o Brasil. A seguir, saiba mais sobre cada uma delas.
Chegança no Museu Vassouras

Folia do Divino, de Djanira – Foto: Jaime Acioli
O recém-inaugurado Museu Vassouras abre suas portas com Chegança, coletiva que transforma o ato de chegar em rito coletivo e de celebração. Dividida em três núcleos — “Folias”, “Vapor” e “Milagre” — sob a curadoria de Marcelo Campos e Thayná Trindade, a exposição ressalta a cultura do Vale do Café, região de histórico cafeeiro no Sul Fluminense, a partir de seus ritmos e tradições.
Em “Folias”, obras de Djanira, Caio Rosa, Beatriz Milhazes, Muxi, entre outros, representam os cortejos e festividades que atravessam as ruas de Vassouras. Em “Vapor”, saberes afro-indígenas se fundem aos trilhos férreos que conectam o Vale à estação Central do Brasil — percurso marcado por musicalidade, trabalho braçal e expressões culturais. O núcleo recebe obras de nomes como Rosana Paulino, Dalton Paula e Wallace Pato para destacar ferrovias, figuras e quintais inerentes à cultura brasileira.
Já “Milagre” percorre as histórias, aparições e crenças das águas do Rio Paraíba do Sul com obras de Tarsila do Amaral, Kandu Puri, Nádia Taquary, Denilson Baniwa e Chico Tabibuia — tudo isso com curadoria de Marcelo Campos, sonoplastia de Alê Siqueira e expografia feita pela arquiteta Gisele de Paula.
Bloco do Prazer no MAC-CE

Caboclo de Lança, de Samuel Macedo – Foto: Divulgação
Com título inspirado na canção “Bloco do Prazer”, composta por Fausto Nilo com Moraes Moreira e interpretada por Gal Costa, Bloco do Prazer investiga as expressões culturais que fazem das festas mais do que celebrações. A coletiva, em cartaz no Museu de Arte Contemporânea do Ceará, reúne obras, registros e práticas que entendem o ato festivo também como gesto cultural, político e de coletividade.
A curadoria de Amanda Bonan, Marcelo Campos e Bitu Cassundé destaca festividades, cortejos e rituais nordestinos em obras de Zé Tarcísio, Mestre Chico Emília, Heloísa Juaçaba e muito mais — entre 250 artistas apresentados, mais de cinquenta são nordestinos e 33 são cearenses.
Trabalho de Carnaval na Pina Contemporânea

Trabalho de Carnaval – Foto: Levi Fanan
A exposição, em cartaz na Grande Galeria da Pina Contemporânea, apresenta o Carnaval como uma grande engrenagem coletiva do país. Com mais de 200 obras de 70 artistas, a mostra apresenta os núcleos “Fantasia”, “Trabalho”, “Poder” e “Cidade” para revelar uma festa que se inicia muito antes da quarta-feira de cinzas.
Sob curadoria de Ana Maria Maia e Renato Menezes, nomes como Alberto Pitta, Juarez Paraíso, Maria Aparecida Urbano e Rafa Bqueer aparecem entre croquis, fantasias, fotografias, pinturas e instalações. O núcleo “Fantasia” destaca os figurinos e o exercício de criação carnavalescos; “Trabalho” aborda a invisibilidade e as condições de trabalho daqueles que constroem a festa; já “Cidade” revela como blocos, trios elétricos, carros alegóricos e cortejos se relacionam com a paisagem; por fim, “Poder” discute o empoderamento e o protagonismo de grupos marginalizados durante o Carnaval.
Chegança
Data: 06/12 a 31/05
Local: Museu Vassouras
Endereço: Rua Luis P. Werneck, 64 – Centro, Vassouras
Bloco do Prazer
Visitação: 6 meses
Local: Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE)
Endereço: Rua Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema, Fortaleza
Trabalho de Carnaval
Data: 08/11 a 12/04
Local: Pinacoteca de São Paulo | Pina Contemporânea
Endereço: Avenida Tiradentes, 273 – Luz, São Paulo

