Fluidez da água inspira exposição de Oskar Metsavaht

Acqua – Foto: Divulgação

Muitas vezes um elemento vai além da inspiração. Transforma-se em matéria de experimento e ponto de reflexão que transborda para além da pesquisa formal. É esse o efeito da água no processo criativo de Oskar Metsavaht. Para a série ACQUA, o artista manipula o líquido em telas — canvas ou projeções — para registrar o instante preciso em que a matéria se transforma misturada a elementos vítreos e pigmentos.

É sua impermanência e fluidez que tanto fascina Metsavaht. Num gesto pictórico que é, ao mesmo tempo, intencional e entregue ao acaso, ele utiliza pequenos objetos de vidro como pincéis para encontrar formas geométricas. Conecta, assim, o pontente DNA concreto da história arte brasileira com a possibilidade de formas fluidas e efêmeras.

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O movimento da água ganha, assim, corpo e agência na criação. A dimensão vítrea do elemento também instigou percepções e ativou processos, na medida em que o artista opta por trabalhar com a transparência e rigidez do vidro como características aliadas para capturar e tangibilizar as nuances desses movimentos.

A mostra também propõe uma reflexão estética sobre o invisível: o que se dissolve, o que escapa à forma, o que só se revela no entre lugares e estados — entre cor e luz, entre o que é visto e o que é sentido, entre o que é forma e processo. Nas vídeo instalações, Metsavaht amplia a ideia de instante projetando, sobre superfícies líquidas ou translúcidas, cenas em que o tempo parece suspenso, evocando estados meditativos. A mostra é, assim, um convite para a contemplação, escuta e presença — sempre guiados pelos por caminhos não lineares, sensíveis e profundos da água.