Foto: Ruy Teixeira
Quarto projeto realizado para a mesma família, essa casa assinada pelos arquitetos Gabriel e Bruna Garbin é um retrato da arte de se preservar a memória arquitetônica enquanto se explora o potencial de uma construção. Localizada no valorizado Jardim Europa, na zona oeste de São Paulo, a residência carregava uma aura clássica, mas já exibia sinais de desgaste: passou muito tempo à venda e raízes de árvores invadiam a estrutura.
O desafio da dupla foi manter a essência original do projeto — especialmente a fachada —, mas reestruturar os interiores em diálogo com as demandas apresentadas pelos clientes. “Nós fizemos uma lapidação daquela casa, primeiro escaneando na fachada a cor da tinta existente, tentando preservar as espécies de árvores que tinham lá dentro”, recorda Gabriel sobre os primeiros passos do projeto. Por dentro, o trabalho foi reorganizar a planta, integrando áreas que antes pareciam desconexas e explorando um interior mais minimalista.
Um dos pontos centrais foi a reforma da varanda. O forro estava muito deteriorado e o espaço acabou se transformando em uma área gourmet, com banquetas da Etel, que se integra à piscina e ao jardim pensado pelo paisagista Henrique Galdino. No fundo do terreno, os antigos anexos de caseiros deram lugar a um pavilhão de tijolos aparentes, projetado para tornar-se um spa futuramente. O quarto do casal ganhou dois closets e banheiros independentes, enquanto os dormitórios dos filhos foram voltados para a piscina. Uma terceira suíte foi pensada para acolher os hóspedes e funciona também como o ateliê de pintura e bordado da filha.
O sótão foi retrofitado por completo e hoje abriga uma sala de ginástica, yoga e pilates, além de um espaço social iluminado naturalmente por aberturas no telhado, com sala de jogos e mesa de sinuca. Os interiores de Bruna Garbin remetem ao modernismo brasileiro em um exercício de garimpo e curadoria afetiva. Peças do acervo da família foram colocadas em diálogo com achados de antiquários cariocas, além de obras de galerias parceiras como a Galatea. Trabalhos de Cruz Diez, Alfredo Volpi e Montez Magno estão entre os destaques.
