
Foto: Marcio Simnch
Uma galeria em São Paulo, com sócios cariocas e paulistas. Mas com um olhar atento para todo o país. Era 2022, quando Conrado Mesquita, Tomás Toledo e Antonia Bergamin se uniram com uma missão em mente: explorar o mercado de arte fora do eixo Rio-São Paulo. Além de abrir a sede em Salvador, os sócios começaram uma pesquisa intensa, em especial no Nordeste. “A Galatea já nasceu com uma preocupação em pesquisar artistas emergentes ou criativos que, em alguma medida, foram excluídos pelas narrativas hegemônicas da história da arte e do próprio mercado. Essa intenção foi reforçada com a exposição inaugural da galeria, uma individual do icônico ferreiro de candomblé baiano José Adário dos Santos”, relata Toledo. “Da relação com Adário, foi se criando um laço cada vez mais forte com a região, culminando na abertura da sede em Salvador. Estar na Bahia parte do desejo de ampliar nosso público para além do contexto sudestino e expandir trocas e conexões com artistas, curadores e intelectuais sobretudo do Nordeste”, completa.

Foto: Marcio Simnch
Paralelamente, Conrado e Camila terminaram o pied-à-terre do casal no Piauí. “Estávamos na pandemia quando dois amigos, o Alexandre Gedeon e o Eduardo Rezende, postaram uma foto do mar na região. Comentei: ‘Tô dentro’”, lembra Conrado. Os amigos levaram o comentário a sério e o trio combinou uma viagem juntos para escolher um terreno na Barrinha. A obra da casa começou somente em 2022, com projeto assinado por Gedeon. Aos poucos, o casal cuidou de cada detalhe do décor.

Foto: Marcio Simnch
Na sala, conjunto de cerâmicas pintadas da mineira Maria Lyra Marques; pintura dos anos 1970 de Maria Polo; cerâmicas do baiano Miguel dos Santos e tela de Francisco Galeno – artista piauiense responsável pelo icônico painel da Igrejinha Nossa Senhora de Fátima, em Brasília. Galeno, representado pela Galatea por sugestão de Conrado, é apenas um exemplo da paixão do galerista pelos criativos da região. Da dona Nêda, ele comprou um espelho emoldurado de palha de carnaúba, uma tapeçaria e uma porta com a pintura de um burro numa paisagem árida.
Para a equipe da Galatea, é essencial fazer essas imersões no Piauí, para além da pesquisa. A mudança de cenário e arquitetura também é importante. “O escritório em São Paulo está localizado num prédio brutalista dos anos 70, uma arquitetura maravilhosa, que funciona muito bem como espaço expositivo, mas a convivência na casa do Conrado proporciona trocas de forma mais horizontal. Tem uma certa sisudez da arquitetura brutalista paulistana, é uma arquitetura feita a partir de referências dos métodos construtivos vernaculares, muito presentes na região Nordeste do país”, explica Toledo.

Antonia Bergamin, Conrado Mesquita e Tomás Toledo, sócios da galeria Galatea – Foto: Marcio Simnch
A casa é uma espécie de pavilhão, um grande retângulo onde você, vê numa sequência linear as suítes, a cozinha e a sala. E toda a ligação entre esses ambientes é feita por um deck, por um corredor externo. Não existem, portanto, corredores internos na casa – toda a circulação é feita pela área externa. Uma casa de estratégia arquitetônica que dialoga com o clima quente e, ao mesmo tempo, o frescor dos ventos do Nordeste.




