Um tsunami cor-de-rosa invadiu as redes sociais nas últimas semanas, acompanhado das araras de lojas (das mais populares até as grifes famosas) e salas de cinema. O motivo: a estreia do filme da “Barbie”.

Muito além das telas, a tendência batizada de “Barbiecore” traz o tom chiclete, que há gerações conquista fãs (e haters), diretamente para o universo infantil. Embora o nome seja uma referência direta à boneca sexagenária, o estilo não tem a ver com o da personagem, mas, sim, com o colorido queridinho do momento – que desbancou os matizes fofos do unicórnio.

É bom frisar que antes da estreia do filme, em 2019, quando o roteiro foi anunciado, a trend já dava as caras. “Sabíamos que, com a proximidade do lançamento do longa, inúmeras marcas apostariam no ‘Barbiecore’. Durante a última edição da semana de moda de Paris aconteceram desfiles icônicos, que evidenciaram para o mundo que o rosa estava aí para ser usado sem medo. Usar brilhos e cores vibrantes, portanto, é uma experiência muito maior do que apenas gostar da tonalidade”, conta a professora do Centro de Comunicação e Letras (CCL) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) Valéria Martins.

O pós-pandemia também foi significativo para ditar os modismos atuais da moda e da decoração. Durante o isolamento social, as pessoas nem ligavam para a roupa que estavam usando. “Como a maioria não tinha que sair de seus lares, a ‘roupa de ficar em casa’ virou hit. Até vimos consumidores que aproveitaram promoções e compraram peças novas, porém não usavam porque estávamos em isolamento social”, lembra a professora, que também é especialista em Negócios e Comunicação no mercado de moda.

Com o fim da pandemia, é como se o indivíduo desse um grito de liberdade – o que certamente repercutiu nos looks. “Cada saída de casa era comemorada, precisávamos de composições lindas, mesmo que fosse para irmos ao supermercado. Passamos meses sem nos preocupar tanto com o que vestimos ao longo do dia. Quando isso acabou, buscou-se dar mais estilo e mais cor à vida e agora, os brilhos, o rosa e os seus infinitos tons foram os escolhidos.”

Barbiecore no décor/ Foto Freepik

Cor de menina? Que nada!

No passado mais remoto, os pais colocavam roupinhas brancas nos recém-nascidos. Não havia o costume de escolher a cor das roupas pelo sexo biológico. Já nos séculos 19 e 20, até a Primeira Guerra Mundial, os homens eram associados ao rosa, pois o colorido tinha relação com o vermelho, que representa força, vitalidade, potência e energia. “Já as mulheres, por sua vez, eram associadas ao azul por ser mais suave – comportamento imposto pela sociedade da época”, lembra.

É importante destacar que o significado das cores e as tendências de moda estão intrinsecamente ligados aos costumes de uma determinada geração, e muitas vezes, quem dita o que se deve ou não vestir é a publicidade ou o universo da moda. Neste caso da “febre da Barbie”, o fim da pandemia, a necessidade de acentuar a felicidade e um empurrãozinho da indústria fashion foram cruciais para colocar o pantone no trending topics dos bate-papos. “As cores no vestuário e no décor kids são fundamentais, entretanto, evitar excessos garante longevidade aos modismos, já que evita cansar os olhos. Também é bacana trazer para a pauta a discussão sobre gênero e mostrar que não há espaço para categorizar qualquer indivíduo por gostar dessa ou daquela nuance”, pontua Patrícia Favalle, diretora de redação da Harper’s Bazaar Kids.

Campanha Jacquemus, 2021/ Cortesia da marca