O fotógrafo pernambucano Cacá Redig, reconhecido por sua sensibilidade, traz a arte em seu DNA. Filho da artista plástica Lúcia Helena, cresceu entre pincéis, telas e discussões sobre estética, absorvendo desde cedo a ideia de que a criação é uma forma de existir. Seu legado familiar é notável: o pintor Reynaldo Fonseca, mestre das composições figurativas; o arquiteto Olavo Redig de Campos, um dos grandes nomes da arquitetura moderna brasileira; e Deoclécio Redig de Campos, que comandou os Museus do Vaticano e liderou restaurações icônicas como a Pietà e a Capela Sistina.

Essa herança artística se manifesta de forma singular em “Angels”, sua primeira série em que a conexão entre homem e cavalo se torna também um espelho da condição humana. Nela, uma criança albina e um cavalo branco compartilham o mesmo campo de luz, representando a dualidade entre ausência e totalidade cromática – o branco como síntese de todas as cores, como ensinava Newton.

Explorando o subexposto, o contraste e a delicadeza da forma, Cacá constrói uma poética visual que ultrapassa o registro documental. Suas fotografias revelam memórias afetivas, fragmentos de lembrança e ecos do inconsciente. Mais do que retratar o animal, o artista evoca o instante em que o humano se conecta à natureza e tudo se converte em luz. “Angels” é uma homenagem e uma confissão – um mergulho íntimo no espaço onde arte, sensibilidade e herança se encontram.