Um simples episódio em sala de aula se transformou em inspiração para um projeto visual e em um convite ao diálogo sobre diversidade, acolhimento e respeito. Foi assim que a designer Fabiola Pentagna e o artista Christian Pentagna, fundadores do estúdio de design papelaria, decidiram transformar uma lembrança vivida pela filha Anita em um ensaio fotográfico com alcance muito maior do que poderiam imaginar.

Quando a menina tinha apenas 7 anos, ela viveu uma situação que marcou a família. Durante uma atividade escolar, o professor perguntou aos alunos qual era a diferença entre meninos e meninas. Uma colega respondeu de maneira rápida e divertida, arrancando risos da turma. Mas, Anita, com tranquilidade e firmeza, levantou a mão e disse:

— Isso não é bem assim, professor. Tem pessoas que podem ter corpos diferentes também!

O professor, surpreendido pela maturidade da resposta, agradeceu e explicou que nem todos são iguais, e que o mais importante é sempre cultivar o respeito. A lembrança ficou guardada, mas ganhou ainda mais significado por conta da relação próxima da família com Indra Haretrava, escritora e mulher trans. Foi ela quem registrou o episódio no texto “A Aula que Mudou Tudo”, transformando aquela frase em um pequeno manifesto sobre diversidade.

Anos depois, em uma conversa entre Fabiola, Christian e Bianca Exótica – educadora, também mulher trans e diretora de escola aposentada – nasceu a ideia de transformar o episódio em um projeto visual. O resultado foi um ensaio fotográfico ambientado em uma sala de aula, com Anita e Bianca como protagonistas, acompanhado do texto de Indra. “Queríamos mostrar como situações simples podem abrir espaço para diálogos profundos, quando a escuta é feita com carinho”, conta Fabiola.

O lançamento do ensaio aconteceu durante agosto, reforçando a importância de famílias e escolas tratarem com naturalidade temas relacionados a identidade e inclusão. “As crianças entendem mais do que imaginamos, e são capazes de ensinar muito também”, afirma Bianca.

O projeto foi compartilhado nas redes sociais e recebeu comentários de pais, professores e especialistas em educação. Para Indra, o impacto vai além do episódio original: “Uma aula que começou com uma pergunta singela virou um aprendizado coletivo sobre coragem, aceitação e respeito”.