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O assobio dos carros elétricos aportam no Anhembi, em São Paulo, neste fim de semana, onde aconteceu pela segunda vez na cidade mais uma etapa do Campeonato Mundial da ABB da FIA, mais conhecido como a Fórmula E – dedicado aos veículos elétricos. Ao invés do ronco dos motores, a potência disparada e a mais alta tecnologia empregada nos e-cars fazem parte deste cenário. Na rodada final, o evento sagrou a vitória de Sam Bird (MCLaren), que ultrapassou Mitch Evans (Jaguar TCS Racing) na última volta. Com o mesmo enredo, o britânico Oliver Rowland (Nissan) superou o pole Pascal Wehrlein (Porsche), completando o pódio, em terceiro lugar.

Bazaar esteve cara a cara com o veterano Mitch Evans, que na próxima rodada em Tóquio completa 100 corridas na competição, para falar não só sobre a emoção de estar no circuito, mas também entender um pouco da essência do piloto, que é um apaixonado por automobilismo e tem, entre suas referências, Emerson Fittipaldi e Ayrton Senna. “É bom estar de volta. Ano passado foi nossa primeira vinda ao Brasil, foi emocionante. Voltamos (para casa) com ótimas memórias”, afirma Evans. “Estamos ansiosos para ver como a indústria automotiva e de corridas evoluirá nos próximos 10 anos, e tenho certeza de que os carros elétricos serão cada vez mais populares entre os mais jovens.”

Evans foi ultrapassado na última volta e saiu em segundo, mas a marca segue no topo da disputa por pontos (Foto: Getty Images)

Na última quinta (14.03), a britânica Jaguar Racing promoveu um encontro com jornalistas e os pilotos Mitch Evans, Nick Cassidy, além do diretor da equipe, James Barclay. São nestes carros de corrida que acontecem os testes para, no futuro, empregarem a tecnologia nos carros de passeio. “Há coisas que posso contar e outras que ainda não quando se trata de futuro”, ri. Mas cita de exemplo a tecnologia de 2017, que reaproveita 40% da energia do carro – gerada com ele em movimento. “Quando começamos a usar essa tecnologia, nosso desempenho deu um salto.” Para ele, o maior desafio é fazer com que os carros elétricos ganhem autonomia e seus motoristas possam percorrer longas distâncias, com a capacidade no máximo, e dirigirem o quanto quiserem.

“Não dá para comparar nossa competição”, explica Cassidy quando se trata de comparação com a Fórmula 1. Ele diz isso porque a Fórmula E. “Ambos têm objetivos diferentes. Provavelmente, somos mais relevantes, mas espero que ambas as provas tenham sucesso e continuem a crescer.” Ano passado, Evans foi o vencedor pela Jaguar Racing, superando o compatriota Nick Cassidy (Envision à época), que hoje é seu companheiro de equipe. O pódio teve outro representante da Jaguar à época, o britânico Sam Bird, vencedor nesta etapa de São Paulo, no Sambódromo do Anhembi. Leia o papo com Evans:

Sambódromo do Anhembi foi transformado em pista de corrida (Foto: Getty Images)


Qual a melhor memória do Brasil?
Honestamente, há muitas coisas. Foi a primeira vez que corri no Brasil e cresci assistindo a corrida na TV, o impacto de Interlagos com pilotos como Ayrton Senna, Nelson Piquet, Emerson Fittipaldi, os pilotos de corrida brasileiros bem-sucedidos e respeitados. E eu sei da paixão que o País tem pelo automobilismo, mas também por esporte em geral, certo. As pessoas são muito, muito apaixonadas. Então, sim, tive a sorte de experimentar isso no ano passado, e uma combinação de muitas coisas. Foi legal!

Acredita que filmes, como os da Ferrari, que acaba de estrear, e o do Senna, com cinebiografia prevista para este ano, ajudam a popularizar o automobilismo para as novas gerações?
Oh, uau. Não sabia que estavam fazendo um filme sobre o Senna. Que bacana! É na Netflix? (Sim). Acredito que a atual geração está passando por mudanças. Enquanto os fãs mais antigos estão acostumados aos motores a combustão, os mais jovens estão crescendo em um mundo onde os veículos elétricos são realidade. Para eles, é algo natural desde que nasceram. Por isso, é importante contar a história do esporte através de filmes, mostrando equipes, pilotos, marcas e tudo mais.

O automobilismo tem uma história rica, construída ao longo de décadas. Cada geração tem coisas que considera importantes, e para os jovens de hoje, a mobilidade elétrica é algo comum na vida. Estamos ansiosos para ver como a indústria automotiva e de corridas evoluirá nos próximos 10 anos, e tenho certeza de que os carros elétricos serão cada vez mais populares entre os mais jovens.

Você tem algum ritual para o dia da corrida, antes de entrar no carro?
Minha preparação antes das corridas varia dependendo do meu estado de espírito e da situação. Cada pista me afeta de maneiras diferentes: em algumas, sinto mais confiança, enquanto em outras, um pouco mais de estresse. Ajusto minha mentalidade conforme necessário, utilizando diversas técnicas. A música é sempre uma aliada, especialmente em dias quentes, e às vezes recorro a um banho gelado. Posso querer ficar sozinho em alguns momentos e preferir interagir com as pessoas em outros.

Não tenho um ritual fixo, mas costumo estar tranquilo. Gosto de hip-hop e música eletrônica, mas antes das corridas, prefiro algo relaxante para me sentir bem e lidar melhor com a pressão. Gerenciar minhas emoções é crucial no esporte; não chamo isso de ansiedade, mas sim de pressão para obter resultados. Ao longo dos anos, adquiri um vasto repertório de estratégias para me destacar em diferentes momentos da corrida. Essa experiência é essencial no jogo.

Encontro com imprensa aconteceu quinta (14.03), nos Jardins, em São Paulo (Foto: Andrew Ferraro / LAT Images)

Você disse que ficou seis semanas de “folga” e voltou para casa… Você consegue desligar totalmente das corridas? E o que gosta de fazer nesse tempo off?
Moro em Mônaco, então estou lá entre as corridas e, honestamente, minha vida é bem monótona. Volto para casa, treino, saio para jantar com amigos, assisto a filmes…. Tento me manter longe de confusão, mas, geralmente, não gosto muito de falar sobre o assunto, a menos que seja com amigos em uma corrida ou no esporte. Obviamente, depois da corrida, converso sobre isso com minha família ou meu pai, que costuma me dizer o que fiz de errado ou algo do tipo, mas, em geral, não costumo falar sobre isso.

Como a moda te afeta e como descreveria seu estilo? E você é um sneakerhead (apaixonado por tênis), né?
Eu descreveria meu estilo como versátil e eclético. Sou bastante interessado em moda, para ser honesto. Sou um colecionador de tênis, tenho um guarda-roupa cheio deles. O último que comprei foi um da Zegna, aquele com elástico, que é mais descontraído e elegante. Tenho de tudo um pouco, desde Nike Dunk e tênis de corrida até peças da Loro Piana, de tudo um pouco. Sou embaixador de uma marca de roupas na Nova Zelândia, é uma marca jovem, de luxo, com materiais bem elaborados. Mas meu estilo muda todos os dias. Às vezes, posso adotar um estilo urbano, baggy, com peças oversized, e outras vezes posso optar por algo mais clássico e bem ajustado. Tenho muitas roupas, admito, e sempre estou limpando meu armário, mas gosto de ter boas peças. Diria que sou vou do “relaxado” e casual, com um toque de elegância casual.

Tem alguma peça que não usaria de jeito nenhum, mesmo que te pagassem?
Deixe-me pensar, mas acho que não… Não há muitas que não gostaria de usar, mas sou bastante específico quando se trata de design.

E você gosta de comprar online?
Quando estou em casa, o celular acaba virando um funil de vendas. Sou mais do tipo que compra de forma espontânea. Recebo mensagens de algumas marcas sobre produtos que ainda não comprei. Mas prefiro sair e escolher as coisas pessoalmente, mas tenho tentado diminuir o ritmo, porque acabo comprando muita coisa.

Evans no paddock antes da corrida neste sábado (Foto: Getty Images)