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A saída de Sarah Burton da Alexander McQueen já está sendo sentida entre fashionistas mesmo antes de seu desfile de despedida, na semana de moda de Paris, em 30 de setembro. Mas muito além de sua moda feminina, a designer ressignificou, no que pareceu um romance interminável, o guarda-roupa masculino durante sua era na casa.

Dos treze anos em que foi diretora criativa da marca, é simbólico que sua primeira coleção totalmente autoral tenha sido na temporada masculina, em 2011. Antes de assumir o cargo máximo na etiqueta britânica, Burton foi o braço direito do próprio Alexander McQueen, com quem aprendeu os fundamentos da alfaiataria que, ele mesmo, desenvolveu como aprendiz nos ateliês elegantes da Saville Row.

Em seu “reinado” na McQueen (aqui, as comparações monárquicas que são tradição no Reino Unido se fazem válidas), Sarah Burton fez de tudo. Ao olhar para as ruas ou o countryside inglês, descobriu referências à literatura e artes clássicas, criando uma interpretação pessoal do dandy que teria deixado até mesmo Oscar Wilde e Beau Brummell inquietos por suas criações. Não à toa, batizou sua coleção de estreia de “Pompa e Circunstância”.

Na carreira da designer, foram “apenas” 13 desfiles masculinos, contra outras 15 coleções apresentadas em forma de lookbook – uma fórmula que ela pareceu preferir em anos recentes, organizando seu último desfile de menswear presencial em junho de 2018. Ainda assim, em sintonia com o universo McQueen, soube criar fantasia dentro e fora do estúdio.

As homenagens foram inúmeras. Dos militares napoleônicos e as explorações de Charles Darwin ao cinema noir e os beatniks psicodélicos dos anos 1960, o storytelling da estilista conquistou seguidores fiéis e hipnotizados com seus cortes e costuras irreproduzíveis. Para gerações diferentes, o legado de Sarah Burton se traduz na riqueza de detalhes e na infinidade de sentimentos provocados.

Seu futuro fashion ainda é incerto. Nem a estilista, nem a McQueen, divulgaram os planos seguintes, mas a separação é significativa. Com uma influência fervorosamente inglesa em seu comando na etiqueta, Burton criou histórias que entraram para a história.