Chef Saulo Jennings – Foto: Divulgação

Originária de Santarém, no coração do Pará, a Casa do Saulo desembarcou recentemente em São Paulo, trazendo consigo a autêntica culinária tapajônica para aqueles que ainda não tiveram a chance de explorar os encantos da região banhada pelo rio Tapajós, ou para aqueles que desejam reviver os sabores exuberantes e os ingredientes exóticos da Amazônia. Sob a liderança do renomado chef Saulo Jennings, o restaurante destaca-se pela excelência na preparação de peixes de água doce, como pirarucu e tambaqui.

Para Saulo, os 15 anos de sucesso não são um mistério: “dedicação incansável, pratos sinceros, práticas sustentáveis, um cardápio singular e profundo respeito por todos os envolvidos – desde a pesca até o momento em que o prato é servido”. Esses valores renderam ao restaurante e ao chef reconhecimento dos Prazeres da Mesa, incluindo os prêmios de Melhor Restaurante da Região Norte e Chef do Ano.

O espaço recebeu na ultima segunda-feira a festa de lançamento da nova edição da Bazaar Man e Saulo compartilhou sua jornada e seus planos futuros em uma entrevista exclusiva.  Leia a entrevista na íntegra:

O restaurante destaca-se pela excelência na preparação de peixes de água doce, como pirarucu e tambaqui – Foto: Divulgação

Harper’s Bazaar Brasil – Qual é a sua trajetória na gastronomia? Como surgiu seu interesse pela cozinha?

Saulo Jennings – Minha trajetória na gastronomia começou de maneira um pouco inusitada. Eu nasci nas margens do Rio Tapajós, em Santarém, e iniciei minha carreira profissional no mundo corporativo. Aprendi muita coisa em casa com meu pai, e aos poucos o mundo fui me cansando de trabalhar para grandes empresas e fui dar aulas de kitesurf e servia almoços para amigos em minha casa. O sucesso desses almoços me levou a abrir a primeira Casa e desde então, minha paixão pela culinária amazônica se transformou em uma carreira que me levou a abrir vários restaurantes e a representar a gastronomia da Amazônia em eventos internacionais. E agora, me sinto honrado em ter sido escolhido como Chef do Ano.

HBB – Quais foram as suas principais influências e referências culinárias, especialmente na comida tapajônica?

SJ – Minhas principais influências vêm das tradições culinárias da minha região natal, o Tapajós. Cresci cercado por ingredientes frescos da Amazônia e aprendi a respeitar os ciclos naturais e a origem dos produtos. A comida caseira preparada por minha família, as receitas que aprendi com meu pai e a rica biodiversidade da floresta amazônica são minhas maiores referências. Também me inspirei e fui aprendendo com outros chefs que eram para mim referências e hoje chamo eles de amigos.

HBB – O que caracteriza a comida tapajônica? Quais ingredientes e técnicas são essenciais?

SJ – A comida tapajônica é uma das muitas caras da culinária amazônica. Estamos falando de pirarucu, tucupi, jambu, feijão manteiguinha de Santarém, Acari, Farinha de piracuí. As técnicas ecoam pela nossa região, são simples como o nosso povo. Mas é sempre bom falar que incluímos o manejo sustentável dos recursos naturais, defumação, assados na brasa, e o uso de caldos ricos e fermentados como o tucupi. É uma culinária que valoriza a biodiversidade, a sustentabilidade e a conexão com a terra e as águas da Amazônia.

Casa do Saulo - Foto: Divulgação

Casa do Saulo desembarcou recentemente em São Paulo trazendo o melhor da culinária tapajônica – Foto: Divulgação

HBB – Como foi a sensação de ganhar o prêmio? Quais são seus planos futuros?

SJ – Ganhar o prêmio de Chef do Ano em 2024 foi uma honra imensa e um reconhecimento significativo do meu trabalho e da equipe dedicada que me acompanha. Também foi uma grande alegria ver a Casa do Saulo Tapajós ser eleita pela quarta vez como o melhor restaurante da Região Norte. Para o futuro, planejo continuar expandindo a Casa do Saulo, levando a culinária amazônica para mais lugares, e com o maximo de sustentabilidade e escalabilidade de produtos. A abertura da Casa do Saulo em São Paulo é um passo importante nesse caminho.

HBB – Qual é o seu maior segredo culinário? Pode compartilhar conosco?

SJ – Meu maior segredo culinário é a simplicidade e o respeito pelos ingredientes. Acredito que a qualidade dos produtos que utilizamos é fundamental. Trabalhar diretamente com comunidades ribeirinhas e produtores locais nos permite obter os melhores ingredientes e garantir que sejam tratados com cuidado e respeito.

HBB – O que você, como um grande chef, gosta de comer e beber quando não está trabalhando?

SJ – Quando não estou trabalhando, gosto de comer pratos simples e reconfortantes, que me lembram a minha infância. Então a Galinha Caipira é algo que sempre está nas minhas prioridades para comer. Gosto de visitar os restaurantes de amigos quando estou em outras cidades, mas também não dispenso um bom lanche de rua.