Príncipe Andrew e a Rainha Elizabeth II – Foto: Getty Images

Por muitos anos, o príncipe Andrew foi considerado o filho mais querido da rainha Elizabeth II. Terceiro descendente da monarca com o príncipe Philip, o duque de York sempre desfrutou de uma relação especial com a mãe e de uma vida cercada por privilégios, prestígio e até mesmo do afeto do público. Carismático, militar condecorado e presença constante nas cerimônias da realeza, Andrew parecia destinado a ocupar um lugar de respeito na história britânica.

Mas o que começou como uma trajetória exemplar transformou-se em um dos maiores escândalos da monarquia moderna. Nos anos 1990, sua imagem começou a se desgastar por causa de gastos excessivos e da separação turbulenta de Sarah Ferguson. A situação, porém, piorou de forma irreversível quando veio à tona sua amizade com Jeffrey Epstein, o financista americano condenado por tráfico sexual de menores.

Em 2019, ao tentar se defender em uma entrevista à BBC, Andrew agravou a crise. A conversa, considerada um desastre de relações públicas, levou ao seu afastamento imediato da vida pública e à perda de patrocínios e funções oficiais.

A pressão popular e política se intensificou nos anos seguintes. Em 2022, diante do processo movido por Virginia Giuffre, que o acusava de abuso quando era menor de idade, o Palácio de Buckingham retirou seus títulos militares e honrarias reais. Embora o caso tenha sido encerrado com um acordo extrajudicial, a reputação do príncipe ficou irremediavelmente manchada.

O golpe final veio recentemente, com o retorno das acusações aos holofotes após o lançamento do livro de memórias de Virginia Giuffre, que trouxe novas e íntimas revelações sobre os abusos cometidos pelo membro da realeza. Diante da nova onda de escândalos, da popularidade ainda mais em queda e da cobrança dos “súditos” por uma postura mais firme, o rei Charles anunciou que Andrew perderia absolutamente todos os seus títulos restantes, incluindo o de Duque de York.

Dias depois, o Palácio de Buckingham confirmou a decisão: Andrew também deixaria de ser tratado como “Príncipe” ou “Sua Alteza Real”. Oficialmente, passou a ser chamado apenas de Andrew Mountbatten-Windsor.

Para muitos, a perda de títulos de nobreza pode parecer algo simbólico ou sem grande relevância nos tempos atuais. No entanto, dentro da monarquia e para parte do povo britânico, isso representa uma vergonha pública e uma perda de status irreversível. Um rompimento com séculos de tradição e privilégio.

Como parte do acordo, o rei ordenou ainda que o irmão desocupasse a mansão Royal Lodge, em Windsor, residência oficial que Andrew ocupava havia décadas. A medida marcou o fim definitivo de sua vida como membro ativo da família real e consolidou sua exclusão dos círculos oficiais da monarquia.

De herói da Guerra das Malvinas, condecoração que também lhe foi retirada, a símbolo de vergonha nacional, Andrew viu sua vida se desmoronar. Mesmo tendo escapado da prisão, destino que seria esperado para alguém envolvido em acusações desse nível e com ligações tão comprometedoras, o ex-príncipe enfrenta uma pena moral : viver recluso, isolado e permanentemente sem prestígio e reverência.