Foto: Acervo Pessoal

Com piso de pedra portuguesa e mesas espalhadas sob as jabuticabeiras, o pátio da Soho House é um refúgio no meio do burburinho paulistano. A área ao ar livre conecta o casarão histórico aos espaços de convivência e, à noite, serve jantares à meia-luz, onde os sócios se aquecem perto dos heaters e mantinhas circulam de ombro em ombro para espantar o frio. Seria uma segunda-feira corriqueira na casa, não fosse um detalhe fora do script: um DJ set de Fatboy Slim apenas para membros confirmados e convidados da Boma — label musical que significa Born of Music Addiction ou, em bom português, nascidos da obsessão pela música.

Desta vez, o movimento vinha de dentro para fora. Na fachada, o esquema de segurança estava reforçado: só entrava quem tivesse ingresso confirmado no app ou o nome na lista. Na calçada, barricadas organizavam o público, enquanto um segurança conferia cada ticket. Lá dentro, o ritual de sempre: pulseira no pulso, alerta sobre as regras da casa e o adesivo quadrado para cobrir a câmera do celular, garantindo que nada fosse registrado — o que nem sempre foi seguido à risca. Na plateia, criativos de diferentes segmentos e nomes conhecidos, como a apresentadora Didi Wagner e o surfista Yago Dora.

Fatboy Slim transformou o pátio da Soho House em pista de dança na noite desta segunda-feira (15.09). Reconhecido como um dos DJs mais influentes das últimas décadas, o britânico de 62 anos mostrou que a música continua sendo o combustível que o move — e fez da festa Boma um rito coletivo. Norman Cook, como está na certidão de nascimento, comandou o set com a energia de quem ainda vibra com cada batida. Fez a plateia levantar as mãos ao som de tudo: do pop de Katy Perry ao rock de The Killers, passando por brasilidades com tempero de funk.

Entre uma virada e outra, girou suas próprias faixas — de Right Here, Right Now (CamelPhat Remix) a Praise You — e encerrou com The Rockafeller Skank, clássico eternizado no jogo FIFA, mixado com a abertura de Hey Ho Let’s Go, dos Ramones. Tudo isso antes das 22h, cumprindo o horário da casa (e poupando a vizinhança — Danilo Gentili agradece), que prefere manter a pista quente sem sacrificar o clima intimista. A festa ainda seguiu com um DJ surpresa: Vintage Culture.

DJ Vintage Culture encerrou a noite (Foto: Acervo Pessoal)

Living like a local

Fatboy Slim não só tocou, como viveu a Soho House por um dia inteiro: almoçou, jantou, circulou pelo pátio como se fosse sócio e, segundo quem esteve lá, foi “de uma simpatia desarmante”. Subiu à cabine descalço, como sempre faz, e entregou um set que parecia um ritual coletivo. Ao final, agradeceu: “Se o pessoal estava assim numa segunda-feira, imagina se fosse quarta”, brincou, antes de prometer voltar no verão — deixando os membros atentos ao calendário e ansiosos por repetir noites assim (como a lendária história de Meghan Markle e príncipe Harry, que se conheceram na sede de Londres).

Comes e bebes

No bar, coquetéis autorais e clássicos bem executados se misturam a pratos com leitura local das receitas do grupo. É a tradução da proposta da Soho House: um ambiente que combina clube privado e sala de estar, onde a vida acontece entre reuniões, encontros de amigos e festas que atravessam a madrugada. Para entrar nesse universo, não basta pagar: a anuidade custa R$ 8,5 mil (R$ 21,5 mil para acesso global) e cada novo nome passa pelo crivo de um comitê.