João Lucas em voz, amor e alma

Nascido no interior de São Paulo e moldado pela música desde menino, João Lucas cresceu entoando versos no ambiente gospel — um universo que o acolheu e o formou, mas que já não bastava para abarcar tudo o que ardia dentro dele. Aos 9 anos, a primeira aparição na TV; anos depois, o desejo urgente de contar outras histórias, com outras palavras, outros sons.

A transição para o pop veio como um salto de fé — não em doutrina, mas na própria sensibilidade. “Meu Bem”, single lançado em 2023, abriu as portas de um novo capítulo: uma declaração de amor à esposa, Sasha Meneghel, que não apenas inspirou a canção como impulsionou João a abraçar sem medo sua essência artística.

Em novembro de 2024, ele lançou seu primeiro álbum pop: um retrato íntimo de 24 horas de amor, com 15 faixas que costuram referências como Justin Timberlake, Coldplay, R&B e o pop dos anos 1980. Nas entrelinhas, ecos de Bowie, Elton John e Harry Styles — figuras que também ousaram ser muitos em um só. O disco foi gestado por três anos e nasce com a alma inteira: é confissão, é manifesto, é autobiografia em melodia.

Agora, aos 25 anos, João Lucas se prepara para subir ao palco com sua primeira turnê solo — um voo que ele chama de “começo de uma longa jornada”. O EP acústico recém-lançado serve como ponte entre o íntimo e o espetáculo, antecipando o que virá: um artista que carrega fé, afeto e liberdade no mesmo corpo.

Nesta entrevista, João revela os bastidores dessa reinvenção — os dilemas da ruptura, as influências que o moldam, o papel de Sasha em seu processo criativo — e mostra, sem reservas, que quando a verdade vira canção, a música se torna lar.

HARPER’S BAZAAR BRASIL — João, como você está se sentindo prestes a iniciar sua primeira turnê solo? Quais são suas expectativas?

JOÃO LUCAS— Estou com o coração acelerado e muito grato. Essa turnê representa um novo começo pra mim. Estou, de fato, mergulhando naquilo que sempre sonhei em viver. Minha expectativa é me conectar com as pessoas de um jeito verdadeiro, olho no olho, palco a palco.

HBB — Você cresceu no meio gospel e agora aposta em um som mais pop. Quais foram suas maiores inspirações musicais ao longo dessa trajetória? O que você escuta? Que tipo de show você assiste?

JL — Eu cresci ouvindo muita música cristã, mas também Djavan, John Mayer, Coldplay, Jorge Vercillo… Meu pai colecionava vinil, então eu ouvia de Michael Jackson a Bee Gees. Hoje, escuto de tudo. Gosto de artistas que transformam o palco num lugar de emoção, shows que contam histórias.

HBB — Como é a sua rotina atualmente? Como você se organiza entre ensaios, criação, compromissos e a vida pessoal? Mudou alguma coisa específica para a turnê?

JL — Virou uma maratona kkkkkk. Estou me dedicando bastante à preparação vocal e física, além dos ensaios com banda, ajustes de repertório, luz, figurino… Mudei minha alimentação, comecei a treinar com mais foco. Estou levando tudo muito a sério, mas procurando manter tempo de qualidade com a Sasha.

HBB — O que o público pode esperar dos seus shows?

JL — Um show que conta uma história, com referências de teatro e circo, flertando com o universo de Bob Wilson. É um espetáculo sobre amor, sobre encontros e sobre recomeços. Quem for, vai ver o que sempre me encantou na arte, feito com muito amor por pessoas muito especiais e talentosas.

HBB — Durante a preparação da turnê, o que tem sido mais desafiador para você como artista?

JL — Acho que o mais difícil é aprender a me entregar sem medo. Colocar o que sinto no palco, sem filtro, exige coragem. Mas é também o que mais me anima nesse processo.

HBB — Você costuma defender publicamente a Sasha quando surgem críticas ou ataques na internet. Como vocês dois lidam com esse tipo de exposição?

JL — Com muito diálogo e absorvendo só o que agrega. A gente se protege e se respeita. Se em algum momento sinto que ela está sendo injustiçada, é natural que eu queira me posicionar. É minha esposa.

HBB — Recentemente, você brincou com o apelido “Sasha Tour”, ironizando os comentários que surgiram sobre sua estreia nos palcos. Mas ela tem alguma inspiração nessa turnê? As roupas, por exemplo.

JL — Essa piada virou parte do projeto kkkkkkk. Mas, brincadeiras à parte, a Sasha sempre me inspira. A estética da turnê tem muito do olhar dela nos figurinos, nas referências visuais, no cuidado com os detalhes. Ela é muito presente, e isso é um privilégio.

HBB — Você e Sasha têm rotinas intensas, cada um na sua área. Como conseguem manter a conexão e o equilíbrio no relacionamento com tantos compromissos?

JL — A gente se escolhe todos os dias. E tenta manter coisas simples, como tomar café da manhã juntos, assistir a um filme ou simplesmente desligar o celular e conversar.

HBB — Você pensa em lançar novas músicas ou clipes ainda durante a turnê? Transformar a turnê em audiovisual? Quais são os próximos passos depois dessa fase?

JL — Sim! Tenho músicas novas prontas e quero ir soltando ao longo dos próximos meses. Ainda é cedo pra prometer, mas os planos estão nascendo.

HBB — Há planos para colaborações com outros artistas? A própria Sasha ou Xuxa em algum clipe/música?

JL — Eu adoraria! Tenho algumas vontades guardadas com carinho, inclusive com artistas que sempre admirei. A Sasha não é cantora, e apesar de ter feito projetos assim na infância, quero que ela participe sempre da forma que se sinta mais confortável. Sobre a Xuxa… quem sabe? Seria uma honra.

HBB — Quais são os projetos que você ainda quer realizar nos próximos anos? Tem algo que ainda está em segredo e pode adiantar pra gente?

JL — Quero explorar mais a composição para trilhas de filmes e séries. Tenho vontade de ver minhas músicas em projetos audiovisuais ou, quem sabe, fazer uma participação atuando em algum deles.

HBB — Por fim, que mensagem você gostaria de deixar para o público que está te acompanhando agora, especialmente aqueles que vão te ver pela primeira vez nos palcos?

JL — Obrigado por estarem comigo nessa caminhada. Cada pessoa que canta comigo, que se emociona, que compartilha uma música, faz parte disso tudo. Espero que a turnê toque o coração de vocês como tem tocado o meu. Eu faço minha arte pra servir vocês — esse é o meu propósito de vida.