Lewis Hamilton – Foto: João Almeida, tirada durante evento da Tommy Hilfiger, na Soho House São Paulo

Semanas antes do encontro virtual com Lewis Hamilton, fui assistir a uma roda de conversa do piloto de Fórmula 1 na Soho House São Paulo, durante o Grande Prêmio do Brasil, em novembro passado. Organizado por Tommy Hilfiger, marca da qual é embaixador, o papo era para falar de sua relação com a moda, o País – do qual ele é cidadão honorário – e das roupas que ele lança em cápsulas ano a ano com a marca norte-americana.

Na ocasião, a entrevista seria presencial, mas devido às chuvas e a mudança no schedule dos treinos, o bate-papo tornou-se virtual. No dia marcado para a entrevista, ele surge do outro lado da tela com pontualidade britânica. Pergunto: “onde você está?” e, logo, vem a resposta: “Qatar”. Era uma das últimas provas dele no ano. Quando disse que era do Brasil, veio uma resposta sincera acompanhada de um sorriso: “já estou com saudades [do País].”

Hamilton será co-anfitrião do Met Gala 2025, ao lado de A$AP Rocky, Pharrell Williams e Colman Domingo. Marcado para 5 de maio (sempre na primeira segunda-feira do mês), no Museu Metropolitano de Arte de Nova York, o evento terá como tema “Superfino: O Estilo Negro na Alfaiataria”, inspirado no livro “Slaves to Fashion”, de Monica L. Miller, que celebra a estética e a relevância política da moda masculina negra. “O tema deste ano é muito significativo, e é ótimo trazer representatividade para pessoas negras. Vai ser muito impactante”, conta ele, dizendo estar ansioso para saber o que vai vestir no baile que arrecada fundos para a maior exposição de moda do ano.

Foto: Time Mercedes-AMG Petronas/F1

Dono de um estilo único, o britânico revela que sua moda é muito baseada no humor. “Diria que meu estilo está mais elevado e mais alinhado do que nunca”, gaba-se. Ele também adora momentos casuais, além de um moletom quentinho e confortável. Ainda assim, sabe que em alguns lugares vão ter paparazzi, e que tem uma história fashion a zelar. “A moda ficou meio esquecida por um tempo no automobilismo. É algo que tentei trazer de volta. Há uma verdadeira sinergia entre os dois, porque, na moda, há muita inovação—tecidos, técnicas de costura, cortes e diferentes silhuetas. Na Fórmula 1, também há essa inovação técnica.”

Neste 2024, Hamilton encerrou sua trajetória de 11 anos na Mercedes, na qual conquistou seis títulos mundiais. A temporada foi desafiadora, mas ele quebrou um jejum de vitórias em Silverstone e venceu na Bélgica. Ao final, anunciou sua transferência para a Ferrari no ano que vem, cumprindo um “sonho de infância”, e se despediu da Mercedes no GP de Abu Dhabi. Leia o papo com o piloto:

Foto: Time Mercedes-AMG Petronas/F1

Harper’s Bazaar – Como é ser um dos co-anfitriões do Met Gala 2025?

Lewis Hamilton – É muito emocionante! Honestamente, depois de 2021, conheci a Anna Wintour no escritório d, e temos construído uma amizade e um relacionamento desde então. Ela me contou durante uma de nossas reuniões que trabalharíamos juntos em 2025. Foi incrível fazer parte desse processo e ver quanto trabalho é envolvido.

A Anna fez um trabalho incrível com o Met Gala ao longo dos anos. É um privilégio ter participado tantas vezes e agora ser anfitrião. Por um lado, é muito empolgante, mas, por outro, dá muito nervosismo. Estou definitivamente nervoso—pensando sobre o que vestir, como aparecer, e como usar a plataforma para criar oportunidades para outras pessoas. O tema deste ano é muito significativo, e é ótimo trazer representatividade para pessoas negras. Vai ser muito impactante.

HB – Como você descreveria seu estilo?

LH – Meu estilo… quer dizer, costumava ser algo como urban chic. Hoje, não sei muito bem. Sinto que a moda é muito baseada no humor. Diria que meu estilo está mais elevado e mais alinhado do que nunca. Uso muitas roupas de alfaiataria agora. Não sei que palavra usaria para descrevê-lo, mas diria que é baseado no meu estado de espírito.

Foto: Time Mercedes-AMG Petronas/F1

HB – Você acredita que a pandemia mudou o seu estilo?

LH – Não acho. Acho que ele está apenas evoluindo o tempo todo, à medida que conheço mais marcas e descubro mais talentos. É incrível ver os diferentes designers surgindo. Ficar conectado e acompanhar o que está acontecendo no mundo da moda enquanto estou correndo é difícil — é um verdadeiro desafio. Há muito trabalho a fazer, e, se você se afastar por muito tempo, tudo avança tão rápido, assim como acontece nas corridas. Se você tira um tempo fora, o esporte continua evoluindo sem você.

HB – Quais peças não podem faltar na sua mala?

LH – Definitivamente hoodies e roupas confortáveis para usar em casa ou para relaxar. Também gosto de incluir peças versáteis que possam ser usadas em diferentes ocasiões, já que estou sempre viajando e participando de eventos.

HB – Como você vê a conexão entre automobilismo e moda, especialmente na parceria da equipe com a Tommy Hilfiger?

LH – Acho que a moda ficou meio esquecida por um tempo. O automobilismo não tinha nenhuma relevância no mundo da moda, e ninguém no esporte realmente focava nisso. Honestamente, isso estava faltando há anos. É algo que tentei trazer de volta. Sinto que há uma verdadeira sinergia entre os dois, porque, na moda, há muita inovação—tecidos, técnicas de costura, cortes e diferentes silhuetas que você pode criar. Na Fórmula 1, também há essa inovação técnica. A moda está sempre evoluindo, e a tecnologia, como a impressão 3D, é incrível. Há uma sinergia entre os dois.

Foto: Time Mercedes-AMG Petronas/F1

HB – Qual é a peça da Tommy Hilfiger que você mais usa?

LH – Minha peça mais usada da Tommy seria, com certeza, os jeans. Uso muito jeans, especialmente nos finais de semana de corrida. Obviamente, estou com o uniforme da equipe, mas também tenho uma jaqueta e calças jeans que uso com bastante frequência. Tenho um modelo vintage deles, mas também algumas peças mais novas.