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A estética masculina vive uma revolução poderosa. O que antes era visto como vaidade restrita às mulheres hoje se consolidou como expressão de saúde, autoestima e bem-estar entre os homens. E no Brasil, esse movimento pode ser comprovado por números consistentes.
De acordo com a divisão Worldpanel da Kantar, o mercado de autocuidado masculino foi responsável por 39% do crescimento no uso de produtos de cuidados pessoais em 2024, englobando desde itens básicos de higiene até tratamentos estéticos mais sofisticados.
No campo cirúrgico, o avanço é ainda mais marcante. Dados da ISAPS (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética) revelam que, em apenas cinco anos, a participação masculina saltou de 5% para 30% das cirurgias plásticas realizadas no Brasil — um salto de 72 mil para 276 mil procedimentos anuais. Outro levantamento da instituição aponta que os homens já representam 35% do total de pacientes em cirurgias e procedimentos estéticos, confirmando uma tendência irreversível: eles estão mais dispostos do que nunca a investir na própria aparência!
Convidados o Dr. Romero Almeida, cirurgião plástico formado pela Universidade Federal da Paraíba, para esclarecer as tendências, motivações e especificidades do universo da cirurgia plástica masculina!
HARPER’S BAZAAR BRASIL – Quais são hoje as cirurgias plásticas mais procuradas pelos homens?
ROMERO ALMEIDA – Atualmente, as cirurgias mais procuradas por homens são a lipoaspiração, que lidera como o procedimento estético mais realizado globalmente, e o transplante capilar, devido à alta demanda por soluções para calvície.
HBB – Existe uma faixa etária que concentra a maior procura por procedimentos estéticos masculinos?
RA – Sim, a maior procura ocorre entre homens de 25 a 60 anos, período em que geralmente alcançam estabilidade financeira e pessoal, motivando a busca por melhorias estéticas.
HBB – Em relação aos objetivos, há diferenças claras entre homens e mulheres que acabam influenciando os tipos de cirurgia escolhidos?
RA – Sim. Além das diferenças anatômicas naturais, os homens priorizam resultados mais discretos e naturais, com menor estigma social. Isso influencia a escolha por procedimentos que evitem marcas evidentes de intervenção, refletindo a crescente aceitação da cirurgia plástica masculina.
HBB – E quando falamos de alternativas menos invasivas, quais são os procedimentos que mais têm atraído os pacientes homens?
RA – Com o aumento do foco em saúde e longevidade, homens têm buscado procedimentos menos invasivos, como bioestimuladores de colágeno, toxina botulínica, preenchimentos faciais e tecnologias que oferecem recuperação rápida, como lasers e ultrassom.
HBB – Os métodos cirúrgicos aplicados aos homens são os mesmos utilizados nas mulheres ou existem técnicas específicas?
RA – Embora a base técnica seja semelhante, em procedimentos como a lipoaspiração de definição os homens buscam maior volume muscular, com ênfase em áreas como peitoral e ombros, enquanto nas mulheres o foco costuma ser nos quadris e glúteos, respeitando as proporções anatômicas de cada gênero.
HBB – Nas cirurgias faciais, fatores como estrutura óssea e até a presença de barba influenciam o planejamento e a execução?
RA – Sim. A presença de barba aumenta a vascularização facial, exigindo maior cuidado no controle de sangramento. Técnicas como a “Deep Plane”, que atua em planos mais profundos, têm sido usadas para minimizar traumas aos vasos e melhorar resultados.
HBB – O tempo de recuperação costuma ser semelhante entre homens e mulheres?
RA – Sim. O tempo de recuperação é semelhante, especialmente quando se adota um manejo funcional adequado no pré-operatório, que otimiza a cicatrização e reduz complicações.
HBB – Há orientações ou cuidados específicos no pós-operatório para pacientes masculinos?
RA – Sim. Homens devem evitar esforços físicos intensos, como musculação, por duas a quatro semanas, além de manter rigorosa higiene local, especialmente em áreas com barba, para prevenir infecções e otimizar a recuperação.
HBB – Quais são os receios mais comuns que os homens manifestam ao considerar uma cirurgia plástica?
RA – Os principais receios incluem a possibilidade de cicatrizes visíveis, resultados artificiais ou exagerados e a percepção social de que a cirurgia plástica reflete vaidade excessiva, o que pode gerar constrangimento.
HBB – Ainda existe tabu ou preconceito em relação à cirurgia plástica masculina?
RA – Embora o tabu tenha diminuído significativamente, ele ainda persiste, especialmente entre homens mais velhos, que associam a cirurgia plástica a um universo predominantemente feminino, apesar da crescente aceitação.
HBB – Que avanços tecnológicos mais têm impactado positivamente os procedimentos em pacientes homens?
RA – Tecnologias como equipamentos de lipoaspiração vibratória, emulsificador ultrassônico, tecnologias de retração de pele, além da inteligência artificial para planejamento cirúrgico, têm proporcionado maior segurança, precisão e resultados naturais, atraindo mais homens.
HBB – Você percebe que os homens estão mais interessados em cuidar da aparência e da estética do que há alguns anos?
RA – Sim. Há um aumento notável no interesse masculino por cuidados estéticos, impulsionado pelas redes sociais, pela maior aceitação cultural do autocuidado e pela valorização da aparência no ambiente profissional e social.
HBB – Há diferenças na motivação entre homens mais jovens e mais velhos ao procurar procedimentos estéticos?
RA – Sim. Homens mais jovens buscam procedimentos para melhorar a aparência em redes sociais ou destacar-se no mercado de trabalho, enquanto os mais velhos focam em rejuvenescimento, saúde estética e bem-estar a longo prazo.

