
Foto: Fred Othero
Thiago Mansur sempre teve um ritmo próprio. Antes de dominar palcos internacionais com o JetLag, explorava sua musicalidade em outros territórios: foi baterista na banda gospel da igreja, onde encontrou as primeiras notas de sua paixão pela música até deixar o nome de batismo para assumir a persona de ATKÖ. Paralelamente à música, Thiago construiu uma carreira como modelo internacional, viajando o mundo e absorvendo influências que mais tarde refletiriam em sua música. E o JetLag surgiu como um divisor de mundos para ele, quando levou a música eletrônica brasileira ao topo das paradas com faixas como Oração e Trem-Bala, que tocavam non-stop nas pistas e rádios. Mas, mesmo em meio ao sucesso, ele sentia que faltava algo.
Com o projeto solo, ele encontra esse espaço de liberdade. “Sempre quis fazer música que fosse totalmente minha, e o ATKÖ é essa oportunidade de ser diferente e de me conectar com as pessoas de forma autêntica.” O projeto nasce estruturado, com 16 músicas prontas e uma estratégia definida para o lançamento do EP, que vem em seguida. “Começamos com um single autoral, cantado em português, porque quero resgatar minhas raízes e dialogar diretamente com o público brasileiro. Mas o ATKÖ foi pensado globalmente, com músicas que se conectam a diferentes culturas e que levam minha identidade para o mundo.” Leia, abaixo, a entrevista com o DJ e produtor!
Harper’s Bazaar: Como surgiu a ideia para o nome ATKÖ?
ATKÖ: Me inspirei no documentário do Post Malone, onde ele contou que usou um site para criar seu nome artístico. Fiz algo parecido, preenchendo informações como o nome dos meus pais, meu time e minha cor favorita. Um dos nomes sugeridos foi ATKÖ, e ele se conectou comigo por causa do meu apelido de infância, “Tico”. É um nome curto, fácil de pronunciar, e carrega muito significado.
HB: Por que optar por um nome artístico e não usar Thiago Mansur?
ATKÖ: Quis criar uma identidade própria para o projeto. Assim como o JetLag tinha um propósito, o ATKÖ também tem. Não é só sobre música, mas sobre criar algo único e que dialogue com o público de forma diferente.
HB: O que o nome ATKÖ simboliza?
ATKÖ: Reflete o conceito do “diferente”, algo essencial para o projeto. Representa inclusão, diversidade e a ideia de que qualquer música pode fazer você dançar, mas para arrepiar, precisa ser diferente.
HB: Como lidou com a pandemia e os impactos na carreira musical?
ATKÖ: Usei o tempo livre para revisitar minhas raízes musicais. Comecei a criar um som que refletisse minha identidade, diferente do JetLag, explorando uma direção completamente nova. Naquela época, os shows pararam, e ficamos longe dos palcos. Aproveitei para ajudar a Gabi na carreira dela, que estava começando [na televisão]. Depois, tivemos que remarcar muitos shows já vendidos, mas como estávamos focados nessas demandas antigas, não tínhamos tanto espaço para novos projetos.
HB: Como foi tocar nas rádios e alcançar o mainstream com o JetLag?
ATKÖ: A gente bateu o primeiro lugar nas rádios, o que foi uma experiência incrível. Lembro de estar tocando na rádio ao lado de artistas como Post Malone. Primeiro, tivemos “Oração” em primeiro lugar. Depois, veio “Trem-Bala”, que a superou e ficou ainda mais tempo no topo. Esses momentos foram muito marcantes na minha trajetória. Foi aí que percebi a força do projeto e comecei a idealizar algo solo, que fosse 100% minha identidade.
HB: Como foi a experiência de criar a primeira música do projeto solo?
ATKÖ: Clareou reflete muito sobre fé, mas de forma ampla, sem limitar a uma religião específica. Quero que todas as pessoas se sintam representadas. É uma música que fala de recomeço, esperança e também se conecta com minha história pessoal.

Foto: Fred Othero
HB: Como o nascimento da Ava (sua filha com a advogada e apresentadora Gabriela Prioli) impactou sua vida e carreira?
ATKÖ: A Ava reorganizou todas as minhas prioridades. Reduzi shows e viagens para estar mais presente. Ela me mostrou que o mais importante são os sentimentos e o amor, não os bens materiais. Essa perspectiva reflete diretamente na minha música e na forma como encaro minha carreira solo.
HB: Você acha que a chegada dela influenciou seus valores?
ATKÖ: Com certeza. A Ava me fez perceber que, apesar de todas as conquistas materiais e profissionais, nada disso importa se não houver amor. Ela é minha prioridade, e isso mudou minha forma de encarar tudo, inclusive os valores que trago para minha música.
HB: Como será o formato das músicas?
ATKÖ: A maioria terá vocais, com letras que escrevi sozinho ou em parceria. Também haverá faixas instrumentais e remixes. O foco inicial é o autoral, para estabelecer a identidade do projeto.
HB: E qual é o diferencial do ATKÖ em relação ao JetLag?
ATKÖ: Tenho uma proposta mais focada no house music e suas vertentes, como tribal e afro house, misturadas com brasilidade. É um projeto que busca resgatar minhas origens musicais, enquanto o JetLag estava mais voltado ao pop.
HB: Como o projeto combina música e audiovisual?
ATKÖ: Trabalhei com profissionais renomados para criar logotipos, capas de álbuns e elementos visuais para shows. Quero que o público tenha uma experiência completa, conectando música e imagem.
HB: O que você espera alcançar como ATKÖ?
ATKÖ: Quero que as pessoas se sintam representadas e conectadas com o projeto, tanto pela música quanto pela mensagem visual. É um projeto pensado para ser inclusivo e diferenciado, refletindo tudo o que acredito.

Foto: Fred Othero