
Dormir bem se transforma em item de luxo – Foto: Arquivo Harper’s Bazaar
Em tempos de tecnologias desenfreadas e crises globais, dormir bem é para poucos. O privilégio de uma ótima noite de sono virou item de luxo – tão luxuoso a ponto de estar no centro de roteiros de viagens. O termo “turismo do sono” já existe e é realidade em diversos pontos da Europa. Com muito silêncio, nada de eletrônicos, acessórios especiais para dormir, como camas projetadas com alta tecnologia, spas regados a chás de ervas e cardápios com pratos que “acalmam”, hotéis oferecem experiências para que os hóspedes tenham os melhores sonos de suas vidas.
Em Londres, o Zedwell e o Brown’s Hotel têm pacotes focados nessas experiências e, básico dos básicos, quartos à prova de som. Em Portugal, a marca sueca Hästens, que produz as camas dos milionários, criou o primeiro Sleep Spa Hotel do mundo, para que os hóspedes atinjam um “sono superlativo”. No Anantara Kihavah, nas Maldivas, o processo todo começa com a avaliação de um “sleeping guru”, que inclui teste epigenético, sessões de ioga, exercícios respiratórios, infusão de suplementos na veia, serviço de chás e banhos com aromas relaxantes.
Mais do que luxo, o sono é uma necessidade. Por mais que a ciência tenha avançado no quesito prevenção, nada substitui o repouso reparador para o reset total e saudável do corpo. E, acredite, os efeitos de uma noite mal dormida vão muito além do mau humor do dia seguinte. “A falta do sono aumenta o ganho de peso, traz repercussões metabólicas como diabetes, alterações do colesterol e hipertensão arterial. Ainda, aumenta o risco cardiovascular, podendo levar ao infarto agudo do miocárdio e ao acidente vascular cerebral (AVC)”, explica Lúcio Quebra, neurologista e integrante do Núcleo de Medicina do Sono do Hospital Sírio-Libanês, em entrevista à Bazaar.
O ideal, segundo o médico, é dormir, em média, de sete a oito horas por noite. Entre os distúrbios do sono, os mais comuns são a síndrome do sono insuficiente (pessoas que não respeitam a quantidade de horas necessárias para o seu organismo), a insônia (dificuldade para iniciar ou manter o repouso), e a apneia obstrutiva do sono (dificuldade respiratória podendo levar a roncos e pausas da respiração). “Vemos também um crescente aumento do uso de medicações indutoras do sono, muitas vezes com uso irresponsável, em doses maiores que as recomendadas”, alerta.
Para ajudar a sossegar debaixo dos lençóis, a médica Beatriz Lassance indica a prática da higiene do sono, imediatamente antes de dormir. “Tome um banho, coloque um pijama, cuide da pele, escove os dentes, apague a luz e deite-se na cama”, recomenda a profissional. Neste momento, o cérebro gerará sinais para que o organismo passe a produzir hormônios reguladores do sono, como a melatonina e a serotonina. São eles os responsáveis pelo bom sono.
Se você se inclui no grupo dos caçadores da noite perfeita, mas ainda não é possível embarcar no turismo do sono, o universo wellness mergulhou de vez nas ferramentas para um verdadeiro spa caseiro noturno. A Natura lançou recentemente a linha Tododia Todanoite, um ritual pré-sono com fragrância relaxante de chá de camomila e lavanda, com produtos como sabonete, creme corporal, spray de ambientes e concentrado relaxante. A linha foi toda desenvolvida em parceria com o Instituto do Sono de São Paulo. A The Body Shop investiu na linha Sleep, que ajuda a desconectar e a descansar corpo e mente, com lavanda e vetivér. Para os cabelos, a Braé apostou no sérum noturno “Beauty Sleep”.
Outra dica? Há diversas opções de podcasts para desacelerar, como o “Sleep With Me”, do apresentador Drew Ackerman, com histórias que ajudam a distrair e desligar. Coloque o fone, mas deixe seu celular ou tablet longe e desativado. “O espectro de luz azul, emitido pelos aparelhos eletrônicos, é o que mais interfere no sono”, dá a dica Lúcio Quebra.