Pode rasgar todas as regras que você conhece sobre roupas de casamento – isso porque a moda acaba de decretar um novo tempo para as noivas. Como acontece periodicamente, os olhares se voltam às principais tendências que dominaram décadas passadas. Há pouco, o sucesso nos altares revisitou as coleções sacadas dos anos 1980, reverenciando a princesa Diana como símbolo de elegância. Mesmo envolta por quilômetros de tafetá e visivelmente desconfortável no modelito mais copiado do planeta, Lady Di causou frenesi ao desfilar a cauda de 7,2 metros com tamanha destreza. Mas, para o bem dos simples mortais, o alvoroço oitentinha deu lu gar ao “90’s fever”.
A maioria das grifes que circularam pelas fashion weeks pontuou novidades para quem está focado na missão do “felizes para sempre”. Das silhuetas tramadas em muitas camadas de tricô ao fim aguardadíssimo da ideologia de gênero no closet,plumas, minissaias, transparências e enredos românticos brotaram nos line-ups de Chanel, Alexander McQueen, Victoria Beckham eValentino.
Porém, o frisson rolou mesmo com a brand nova-iorquina de Emily Adams Bode, fundada em 2016. Com os pés na contemporaneidade e sem se importar com a dobradinha terno e gravata, ela encerrou a sua apresentação com uma potente crítica aos caretas, além de mandar ver no mix de patchwork e nos ajustes entre itens utilitários e elementos clássicos. Também com inventismo à flor da pele, McQueen projetou mulheres empoderadas e corpos sensuais. O maxitricô deu forma ao corselet estruturado, com mangas rentes aos ombros, costas nuas, cintura semidescoberta e saia com fendas crescentes.
A novinha do select, criada em 2019, em Berlim, seguiu na dianteira do mercado, evidenciando o uso de materiais reaproveitados, o sistema de produção sustentável e os caimentos agêneros. A designer Rosa Marga Dahl é o nome que dá sustância à SF1OG e, que, nesta temporada, brincou com a memória afetiva para elaborar os looks da série “Artifact”. Para ela, a noiva tem que ser “o menos noiva possível”. Uma saia curtinha faz dupla com a jaqueta de couro off-white, ambas decoradas com penachos. Se achou moderno demais para atravessar a nave, a dica é focar na ex-Spice Girls Victoria Beckham, adepta do vintage, com o mínimo de ornamentos à vista. Dessa vez, a estilista apostou nas modelagens que abraçam os contornos femininos, com toques de sensualidade, texturas acetinadas, comprimentos longos e sandálias plataformas.
Já a Chanel entrou em cena com o seu ready-to-wear (outono-inverno 2023/24) numa atitude meio punk, meio yuppie. Das composições arrematadas por camélias – flor símbolo da maison – ao delicado bouclé de lã pensado para se parecer com uma segunda pele, Virginie Viard configurou peças tão na contramão do altar, que elas até ganharam os corações das noivas que fogem do padrão “véu-grinalda e conto de fadas”. Quem também mirou num segmento, e acertou outro foi Valentino, que conectou a camisaria masculina à saia mais sexy da estação. O visual supercosmopolita, finalizado com botas de cano médio, gravata e joias pesadas, é certeiro para imprimir personalidade ao grande dia. Mas ele é para poucas, embora prometa ser para a eternidade.