Foto: Luca Antunes e Rafa Karelisky

 

Em meio a uma profusão de tons de rosa, laranja, azul e roxo e diante de quase 500 convidados, Marcela Farina e Pedro Camargos disseram “sim” em uma celebração descrita por eles como “dentro do tradicional, o menos tradicional possível”. A cerimônia contou com participação dos irmãos, dos melhores amigos de infância do casal e da avó de Pedro como “daminha”.

O local escolhido para o momento especial foi a Hípica Santo Amaro, que foi transformada a partir do projeto da Bothanica Paulista.

Na entrevista abaixo, a noiva conta em detalhes todo o processo de organização, do pedido de casamento na Patagônia Argentina à festa.

Conte um pouco sobre a história de vocês e sobre como foi o pedido de casamento.

Decidimos morar juntos em 2020, quando ainda estávamos na pandemia. Foi um período peculiar para isso, pois passamos os primeiros meses praticamente 24 horas por dia juntos, ambos trabalhando de home office, sem sair de casa e sem encontrar ninguém. Foi uma experiência muito gostosa e intensa de começar uma vida em casal.

Com o fim da pandemia, as coisas foram se acomodando. No começo de 2023, decidimos fazer uma viagem para a Patagônia argentina. Nessa época, já morávamos juntos há cerca de um ano e meio. Então, eu confesso que tinha alguma expectativa de que haveria um pedido de casamento durante a viagem. Era algo que eu queria muito e sobre o qual já vínhamos conversando.

A viagem foi cheia de trilhas e exploração, muitas vezes em grupo, e fui percebendo que talvez não houvesse muito espaço ou contexto para um pedido de casamento. Isso foi gerando certa ansiedade. Eu também tinha comentado com algumas amigas sobre minha expectativa e, conforme o tempo passava sem um pedido, a ansiedade aumentava.

Em uma cidade linda, chamada El Calafate, com uma geleira maravilhosa, saímos para um passeio no fim de um dia mais tranquilo. Sentamos em frente a um lago e começamos a conversar sobre a vida, a viagem e como aquele era um momento feliz. Eu disse ao Pedro que, depois de tudo que vivemos, uma pandemia dolorosa, perdas e muitos medos, aquele era um momento perfeito para celebrar a vida, retomar a rotina e viajar.

Pedro então disse que não faltava nada para ser perfeito, tirou um anel e fez o pedido de casamento, perguntando se eu aceitava casar com ele. Foi maravilhoso. Descobri depois que ele já tinha conversado com minha mãe e meu pai sobre isso, então eles sabiam. A família dele também estava muito na expectativa. Foi um momento lindo.

Como foi o processo de organização do casamento?

Voltamos de viagem em janeiro de 2023, noivos, e com plano de nos casar em 2024. Um fato único no meio do caminho era que o irmão do Pedro e sua então namorada também haviam ficado noivos poucos meses antes de nós. Somos muito próximos, temos idades semelhantes e vivemos vários processos juntos. Como eles se casariam em janeiro de 2024, eu e o Pedro pensamos que faria sentido nos casarmos em julho de 2024, seis meses depois dos meus cunhados.

Essa data era muito boa para nós, pois Pedro trabalha como pesquisador e professor. O interessante para nós seria casar durante as férias escolares. Decidimos que o primeiro fim de semana de julho seria ideal, pois teríamos o restante do mês para fazer uma viagem enquanto ele ainda estaria de férias escolares. Essa foi a ideia desde o início, quando voltamos de viagem. Por conta disso, teríamos bastante tempo para a preparação e organização do casamento.

Sabíamos que seria uma festa para muitos convidados, pois nossas famílias são muito grandes e temos muitos amigos, e que queríamos fazer o casamento em São Paulo para facilitar a logística e a vida de todos , permitindo que o maior número possível de pessoas próximas estivesse presente.

Procuramos lugares que comportassem cerca de 450 a 500 convidados, que sabíamos ser o número esperado desde o início. Acabamos decidindo rapidamente pela Hípica Santo Amaro, que reunia tudo o que sonhávamos para o dia: um espaço  lindo, muito arborizado, mesmo sendo dentro da cidade, e com capacidade para receber todos os nossos convidados, além de muita estrutura.

Desde o começo, tivemos a assessoria da Entrevento, especificamente da Fernanda De Meo, que tinha o desafio de encarar dois casamentos da mesma família, com muitos convidados em comum, e fazer com que cada festa tivesse sua própria identidade. Tivemos bastante tempo para nos organizar, pensar em como criar uma cerimônia que realmente fosse a nossa cara, refletindo isso em tudo, desde a escolha do lugar até todas as decisões subsequentes. A Fernanda foi fundamental nesse processo todo.

Quais foram os principais fornecedores/escolhas?

A Fernanda nos apresentou fornecedores com quem a Entrevento já tinha trabalhado e que ela achava que tinham a nossa cara e o nosso jeitinho. Sabemos que o casamento é um momento tradicional por essência. Existe toda a tradição envolvida nesse momento, e por isso, ele tende a seguir determinados rituais, procedimentos e cuidados. Mas queríamos fazer algo que fosse muito a nossa cara e, dentro do tradicional, o menos tradicional possível.

Desde o início, pensamos em ter uma festa em que todos se sentissem confortáveis, com todas as pessoas que mais amamos, de todos os lugares diferentes, e queríamos que todos se sentissem pertencentes. Isso começou com a escolha do traje: indicamos que poderia ser esporte fino, mas deixamos claro que as pessoas poderiam ir como se sentissem mais confortáveis.

Queríamos uma festa muito colorida. O Pedro é muito participativo e propositivo. Ele não era só aquele noivo que não gostava e não propunha nada. Desde o começo, ele quis participar muito da construção da nossa festa. Foi ele, na verdade, que trouxe a ideia de fugirmos das cores mais tradicionais. Uma tarde, sentamos juntos em casa e vimos várias referências, chegando à conclusão de que queríamos cores muito fortes, saindo do que geralmente se vê em casamentos, que são tons terrosos ou pastel. Queríamos tons fortes e contrastantes entre si. Levamos essa ideia para a Bothanica Paulista, e a Suzana e a Luiza abraçaram com toda a empolgação e talento.

No dia em que conversamos sobre essa ideia, elas nos mostraram vários livros de arquitetura e design para colhermos referências juntos. Chegamos à nossa paleta com quatro tons predominantes: laranja aberto forte, rosa choque, azul forte, e um rosa um pouco mais queimado. Tudo isso mesclado com o verde que compõe a Hípica e algumas colunas estruturais e detalhes do espaço do evento. Chegamos a essa conclusão e aplicamos tons de roxo também, saindo do que costuma ser em casamentos, com tons muito fortes. Pareceu uma boa ideia, pois nosso casamento foi o quarto da família. Além do irmão do Pedro, outros dois primos já tinham se casado, seguindo decoração com a Bothanica e assessoria da Entrevento. Achamos que, fazendo essa escolha de cores, conseguiríamos algo com a nossa cara e diferente dos casamentos anteriores.

Isso foi um desafio que a Bothanica Paulista encarou para criar um casamento muito colorido. Passou pela escolha das cores, construção das colunas, e o espaço da cerimônia foi construído na Hípica com duas faces: a face interna da cerimônia seria azul, e a face externa, virada para a festa, seria rosa claro. Isso separaria bem os espaços de cada evento e daria a explosão de cor que queríamos. Além disso, as colunas de tecido tinham duas cores, e dependendo de onde você estava na festa, tudo parecia laranja ou rosa. Em alguns lugares específicos, conseguia-se ver o laranja e o rosa, dando uma sensação incrível e uma explosão de cor, com a fluidez do espaço do evento, como imaginamos.

Com essa mesma premissa de algo único, fizemos a escolha das fotos e do nosso vídeo. Escolhemos a Luca Antunes e o Rafa Karelisky, que fazem fotos com um tom mais subjetivo, com mais sensibilidade e menos posadas, algo que queríamos retratar em nossas fotografias.  O mesmo aconteceu com o vídeo do This Is Notre Wedding Filme. Em algum momento, até pensamos em não ter filme, mas quando conhecemos o trabalho deles, nos apaixonamos e vimos que fazia todo sentido.

O meu vestido também foi uma escolha muito fácil. Depois que conheci a Júlia Pak, fiquei completamente apaixonada pelo trabalho dela. Eu não tinha ideia de como seria o meu vestido, mas ela, em uma conversa, conseguiu traduzir em um croqui um desenho de tudo que eu tinha sonhado. O processo foi maravilhoso porque ela e toda a a sua equipe são muito acolhedoras, extremamente talentosas e abertas. Elas conseguiram traduzir um vestido muito delicado, mas com uma série de detalhes que fugiam do tradicional, como as transparências no decote das costas e os bordados que seguiam por toda a saia.

A Júlia também indicou a ForJack para o Pedro. Ele queria uma roupa diferente para o casamento. Em algum momento, pensei que ele ia fugir demais do tradicional, pois ele considerou até casar de camiseta, mas aí a Júlia trouxe essa indicação de  uma alfaiataria muito moderna.  Ele usou um traje diferente, algo entre um terno e um quimono, sem lapela. A roupa dele também tinha toques de cor, com traços em vinho nos botões, costuras e forro. Ele comprou um sapato, por orientação dela, com cadarços vinho, adicionando pontos de cor ao traje, mantendo o estilo tradicional, mas com um toque único.

Para a música da festa, a Clara Ribeiro foi uma escolha muito tranquila, porque  ela tem uma festa que chama Queen, que toca só mulheres e música pop, alinhado ao que queríamos.  Ela manteve a pista absolutamente lotada até o final e foi muito impressionante. Ela fez com que os jovens e as pessoas mais velhas se sentissem acolhidas. E o Michel, que fez o nosso coral também teve esse olhar. Tivemos uma pequena orquestra tocando música ao vivo para a hora das nossas entradas. A gente conversou com ele que queríamos músicas um pouco diferentes. O Pedro queria entrar com uma música de rap de um rapper que se chama Commom, e o Michel ficou muito empolgado com a possibilidade de fazer esse arranjo e foi bem legal. Para a entrada dos nossos padrinhos, a gente escolheu “Quem Tem um Amigo, Tem Tudo”, do Emicida, que era um arranjo novo para o Michel também. Acho que isso também é bem ilustrativo do que a gente pensou, né? Como pegar o tradicional, que é ter uma orquestra, mas tocando músicas fora do comum, como Emicida, como rap, para a entrada dos noivos.

Por fim, a Camila White foi a responsável por fazer meu cabelo e maquiagem. Não sou uma pessoa que está habituada a usar maquiagem no dia a dia, e ela conseguiu me deixar muito confortável nesse processo todo. Foi incrível. Nossas alianças foram feitas pela Marília Goes, que tem uma joalheria artesanal e é uma amiga muito próxima. Ela criou as alianças para nós desde o início, fazendo um design complementar entre as duas.

Tentamos, na escolha dos nossos fornecedores, traduzir nossa personalidade e o que tínhamos pensado para o casamento. No fim, foi uma conjunção perfeita de muitas mãos trabalhando para alcançar o resultado que sonhamos e que superou todas as nossas expectativas.

Vocês tinham um conceito em mente? Como isso se traduziu na prática?

Acho que uma marca importante de tudo isso que pensamos foi a própria cerimônia, que foi realizada lá na Hípica também. Dentro daquela parte azul concebida pela Suzana e pela Luiza, da Bothanica, queríamos uma cerimônia que fosse muito pessoal, apesar de ser um casamento muito grande. Algo que fosse muito íntimo. Para isso, pensamos em ter nossos irmãos como celebrantes da cerimônia. Eles foram os responsáveis por organizar e conduzir todas as falas. Além deles, contamos com a fala de três grandes amigos nossos: uma amiga minha de infância da escola, um amigo do Pedro de infância da escola e um amigo comum da faculdade que acompanhou toda a nossa história. Houve falas de cada uma dessas pessoas, que fazem parte da nossa história individualmente e como casal. Todos foram conduzidos pelos nossos irmãos, o que fez com que a cerimônia fugisse um pouco do tradicional, já que não teve nenhum momento religioso ou ecumênico.

Foi muito descontraída, mas ao mesmo tempo conduzida por pessoas muito próximas a nós, o que deu uma profundidade muito grande em relação a tudo o que foi dito. Ela foi coroada ao final com a avó do Pedro, de 88 anos, levando as nossas alianças. Ela foi a nossa daminha, nossa rainha de honra, e foi um momento lindo tê-la lá conosco, levando as alianças. Nossa cerimônia teve algumas quebras de tradição, foi muito emocionante e linda. Eu e o Pedro choramos a cerimônia inteira, como aparece em várias fotos. Foi maravilhoso e acho que consolidou muito bem tudo o que tínhamos pensado: ser tradicional, fugindo da tradição. Foi um momento especial e alinhado com o conceito que tínhamos pensado para a festa.

Ficha técnica

Assessoria: Entrevento (Fernanda de Meo);
Espaço: Hípica Santo Amaro;
Decoração e buquê: Bothanica Paulista;
Buffet: França;
Bar: Shakers;
DJ: Clara Ribeiro;
⁠Coral: Music 4Events;
Fotografia: Luca Antunes e Rafa Karelisky;
⁠Vídeo: This is Not a Wedding Film;
Vestido da noiva: Julia Pak;
Traje do noivo: Forjack;
Beleza da noiva: Camila White;
Alianças: Marília Goes.
Convite: Paper House.