“A beleza está na naturalidade”: Wanderley revela as maiores tendências capilares da temporada

Minimalismo, tecnologia e saúde capilar: esses são alguns dos pilares que pautam a nova era da beleza, segundo o hairstylist Wanderley Nunes — um dos profissionais mais respeitados do país. Com décadas de experiência e um olhar atento ao comportamento feminino e às mudanças da indústria, ele compartilha com a Harper’s Bazaar Brasil os caminhos que os cabelos estão seguindo: da escolha da cor à rotina de cuidados, da estética das passarelas à valorização da naturalidade no dia a dia.

Confira a entrevista completa:

Harper’s Bazaar Brasil: Quais são as principais tendências em tratamento capilar para as próximas temporadas?

Wanderley Nunes: Nós estamos muito avançados em tecnologia capilar. A nanotecnologia e os produtos específicos para diferentes tipos de cabelo — tingidos, descoloridos, enfraquecidos — evoluíram muito. A maior tendência hoje é o cuidado com o couro cabeludo. Ele é a base de tudo.

A queda de cabelo, por exemplo, é comum, e por isso os melhores produtos, como os da Keune, trazem ativos que fortalecem os fios e ajudam no crescimento saudável. A grande busca hoje é por um cabelo com vida, brilho e força. Isso é o que está em alta.

HBB: E quanto aos cortes, o que você observa no visual das mulheres?

WN: Eu vejo as mulheres optando por cortes mais retos. A franja, por exemplo, apesar de estar presente, nem sempre funciona bem com o nosso clima — o calor incomoda e ela acaba sendo um tormento.

Os cabelos curtos também aparecem de tempos em tempos, num ciclo de quatro ou cinco anos. Mas os longos seguem com força, sempre bem cuidados, com um leve degradê nas pontas. A ideia é manter o corte sempre aparado, com aparência saudável e natural — nunca desfiado demais.

HBB: E no universo dos penteados?

WN: Os cabelos presos estão dominando, principalmente o rabo de cavalo alto. Além de prático, ele proporciona um efeito lifting, esticando o olhar e rejuvenescendo o rosto. É moderno, fácil de fazer e muito estiloso. A mulher brasileira adora essa combinação de praticidade com sofisticação.

HBB: Em relação as cores? O que você tem observado?

WN: Tivemos uma fase em que todas queriam ser loiras — o que tem muito a ver com a nossa cultura. Mas hoje estamos vendo uma reavaliação dessa escolha. A tendência agora é encontrar uma cor que combine com o tom de pele da mulher, que pareça natural. As morenas devem apostar em tons frios, para evitar que a pele fique amarelada. Já as mulheres de pele clara ou rosada podem usar tons mais quentes, como dourado ou cor de mel, que ficam lindos.

E tem um detalhe importante: quando a mulher sente necessidade de se maquiar demais ou tem dificuldade de se encontrar com roupas, muitas vezes é a cor do cabelo que não está harmonizando com ela.

A tendência agora é fazer a coloração completa do cabelo apenas uma ou duas vezes por ano. É um movimento que valoriza o visual natural. A manutenção, como no caso dos brancos, pode ser mensal.

Mas o hábito de fazer reflexo a cada dois ou três meses está em declínio. O que se busca hoje é naturalidade e saúde.

Muitas mulheres recorreram aos apliques para recuperar a densidade capilar perdida por excesso de química. Mas agora vemos um retorno à naturalidade — menos intervenção, mais saúde. A extensão hoje entra como uma ferramenta pontual, não como solução definitiva.

HBB: E os cuidados com cabelos afros e ondulados?

WN: A indústria evoluiu muito nesse aspecto. Os cabelos afros são os que mais consomem produtos no mundo, e a Keune, por exemplo, desenvolveu linhas específicas para a mulher brasileira.

Hoje existem fórmulas que controlam o frizz e domam os fios, mesmo com o clima úmido do Brasil. O resultado é um cabelo com brilho, movimento e aparência saudável — respeitando a textura natural.

HBB:  Você tem adotado um novo modelo de atendimento no seu espaço. Pode nos contar mais?

WN: Estou seguindo uma linha muito europeia, minimalista. Ao invés de grandes salões com mil metros quadrados, opto por espaços menores, de cerca de cem metros. Isso proporciona um atendimento muito mais exclusivo, personalizado e tranquilo.

É uma tendência forte: menos volume, mais atenção. E tem dado muito certo.

HBB: E sobre a queda de cabelo? Como tratá-la?

WN: A queda pode ter várias causas: mudanças no metabolismo, alimentação, deficiência de ferro ou ferritina. O ideal é procurar um médico e descobrir a origem.

Hoje, temos produtos excelentes no mercado. A linha de saúde da Keune é uma das mais orgânicas do mundo e foi reconhecida globalmente. Com tanta tecnologia disponível, posso dizer com segurança: hoje em dia, só fica careca quem quer.

HBB: Quais cuidados simples você recomenda no dia a dia?

WN: Primeiro, não lavar o cabelo à noite. Mesmo que seque, a raiz pode continuar úmida e isso favorece fungos, escamações e irritações.

Se a mulher usou produto no cabelo e não vai lavar no dia seguinte, ela pode apenas molhar os fios — o produto reativa.

Outra dica: não aplicar produtos na raiz, apenas no comprimento e nas pontas. E para cabelos tingidos ou ressecados, o ideal é passar um pouquinho de creme nas pontas antes do shampoo. Isso cria uma proteção e evita o ressecamento.

Ah, e nada de água muito quente! Ela agride os fios e o couro cabeludo.

HBB:  Por fim, o que os desfiles internacionais têm nos mostrado em termos de beleza capilar?

WN: A moda está muito voltada para a naturalidade. A mulher parece que fez tudo sozinha antes de sair — e muitas vezes, fez mesmo. Essa espontaneidade está em alta.

Nas passarelas de Paris e Nova York, vemos muito o efeito molhado, com gel e bastante brilho. É um visual sensual, fresco e prático. Ideal para quem quer impacto com simplicidade.