Foto: Taíssa Sterim

Foto: Taíssa Sterim

Por Anna Paula Buchalla

No Instagram, a #IIFYM (sigla para If It Fits Your Macros, nova dieta-febre nos Estados Unidos) soma mais de 6,3 milhões de posts. E dá-lhe corpão musculoso, barriga negativa e… fotos de bacon, pães, sanduíches e até pizzas e doces cheios de açúcar, como donuts, nas timelines. Não é para menos que ela também é chamada de dieta flexível. O programa é mais conhecido como o preferido de fisiculturistas, crossfiters e modelos, mas isso não significa que ele não se aplique a você, que só quer um corpinho mais magro. A IIFYM foi criada por adeptos da musculação pesada para a comunidade do fitness. Seu princípio básico: ela foca na contagem de macro-nutrientes – proteínas, carboidratos e gorduras. Até aqui, nenhuma novidade – a dieta dos pontos já fazia isso há muitos anos. Mas seus defensores alegam que, baseando-se na quantidade ideal de cada grupo ingerido, tanto faz se o alimento é verde, puro, industrializado ou repleto de açúcares. Ou seja, dentro do valor estipulado, não faz diferença se você vai ingerir um filé de peixe grelhado ou um bolo de chocolate.Vale tudo aqui, tudo mesmo. Pode comer o que quiser, na hora que quiser, mas na quantidade estabelecida previamente para o seu plano alimentar.

O programa é personalizado e desenhado especialmente para as necessidades de perda de peso de cada um. Elaborados por um treinador certificado pelo IIFYM, os planos levam em conta idade, tipo de composição corporal, níveis de atividade física, histórico alimentar e objetivos pessoais. De acordo com seus criadores, a maioria dos adeptos perde, em média, de 1,5 a 2 quilos na primeira semana e mantém uma redução de 700 gramas a 1,5 quilo por semana. A calculadora da IIFYM inclui três aspectos essenciais: o primeiro é quantas calorias o organismo gasta num dia normal. Em seguida, subtraem-se 15% a 20% desse valor, e o número final é dividido em gordura, proteína e carboidratos.

Evidentemente, os endocrinologistas ficaram de cabelo em pé. Há um lado positivo nessa nova dieta, que é inegável,e é o fato de o plano ser personalizado e calculado mediante as necessidades nutricionais e o estilo de vida de cada um. Essa customização é uma tendência mundial da perda de peso saudável. O problema está na liberdade excessiva, digamos assim. Todo mundo sabe, e até nós, leigos, concordamos que carboidratos não são todos iguais. Se um bombom Alpino tem 70 calorias, você até pode ingeri-lo no lugar de um carbo saudável, com a mesma quantidade calórica, como uma fatia de pão integral. Mas os carboidratos complexos do pão, rico em fibras, não lembram em nada os açúcares do chocolate. Assim como a gordura do salmão é totalmente diferente da contida em um croissant, rico em versões saturadas e trans.

“Não acredito em dietas que se baseiam puramente na contagem de calorias”, diz o endocrinologista Maurício Hirata, da Clínica Biohirata, de São Paulo. “O conceito mais interessante de dietas é o que leva em conta a qualidade nutricional e não as calorias dos alimentos: você pode fazer uma refeição de baixo valor calórico, mas nutricionalmente errada, comendo pão com salsicha”, diz. Segundo o médico, o mais importante é conhecer o índice glicêmico do alimento, ou seja, o quanto ele eleva o açúcar no sangue. Quanto mais elevado o IG, maior a produção de insulina, que pode desencadear doenças, como diabetes.“Essa dieta peca por substituir o aconselhamento de um nutricionista ou médico por uma calculadora. E não são todas as pessoas que podem fazer dieta de proteína livremente, caso de quem tem problemas de insuficiência renal, pedra nos rins ou na vesícula, e pacientes com doenças cardiovasculares”, alerta. Ah, e antes de ficar toda animadinha, saiba que é bem provável que uma fatia de pizza contenha a cota total diária de macros da sua dieta.