Carol Ribeiro fala sobre o diagnóstico de esclerose múltipla Divulgação: @Rodrigofotografo

Muito tem se falado sobre a esclerose múltipla desde que a modelo e apresentadora Carol Ribeiro compartilhou publicamente seu diagnóstico durante a segunda edição do evento Body & Mind, promovido pela BAZAAR. Inicialmente, Carol acreditava que os sintomas estavam ligados à menopausa, mas, após uma série de exames, veio a confirmação: esclerose múltipla.

Os primeiros sinais surgiram em 2023 e, desde então, ela passou a seguir um tratamento baseado em terapia hormonal, exercícios físicos e apoio psicológico — reforçando a importância de ouvir o próprio corpo e cuidar da saúde mental.

Para aprofundar o tema, conversamos com o Dr. Tiago de Paula, neurologista especializado em cefaleia e referência no estudo de doenças neurológicas no Brasil. Com formação pela Escola Paulista de Medicina (EPM/UNIFESP) e atuação no Headache Center Brasil, ele esclarece, a seguir, causas, sintomas, formas de diagnóstico e os principais tratamentos para essa condição que impacta milhares de pessoas em idade ativa.

HAPER’S BAZAAR BRASIL – O que é a esclerose múltipla?

Dr. Tiago de Paula – A esclerose múltipla (EM) é uma doença autoimune crônica que afeta o sistema nervoso central, comprometendo principalmente o cérebro e a medula espinhal. O próprio sistema imunológico ataca a bainha de mielina, uma substância que reveste e protege os neurônios, interferindo na transmissão dos impulsos nervosos. Esse processo pode gerar uma ampla variedade de sintomas neurológicos, que variam de acordo com a área afetada.

HBB – Quais são as principais causas da doença?

TP – As causas da esclerose múltipla ainda não são totalmente conhecidas, mas acredita-se que seja resultado da interação entre fatores genéticos e ambientais. A predisposição genética pode aumentar a suscetibilidade à doença, enquanto fatores externos como infecções virais, deficiência de vitamina D, tabagismo e baixa exposição solar também podem influenciar no seu desenvolvimento.

HBB – Existem fatores de risco para desenvolver a esclerose múltipla?

TP – Sim, há diversos fatores de risco associados à esclerose múltipla. A doença é mais comum em mulheres e costuma surgir entre os 20 e 40 anos. Um histórico familiar de EM pode aumentar a probabilidade de desenvolvimento, assim como uma infecção prévia pelo vírus Epstein-Barr. Além disso, baixos níveis de vitamina D, o tabagismo e a origem geográfica também influenciam, sendo que pessoas que vivem em regiões distantes da linha do Equador apresentam maior risco.

HBB – Quais são os sintomas mais comuns da esclerose múltipla?

TP – Os sintomas da esclerose múltipla variam bastante de pessoa para pessoa, mas alguns são mais frequentes. A fadiga intensa é um dos mais comuns, assim como formigamento, dormência e fraqueza muscular. Alterações visuais, como a neurite óptica, também são sinais recorrentes, assim como dificuldades para caminhar, manter o equilíbrio e controlar os movimentos. Além disso, alguns pacientes apresentam rigidez muscular, problemas de memória e concentração, além de distúrbios urinários e intestinais.

HBB – Quais exames podem detectar a doença?

TP – A esclerose múltipla é detectada por meio de diagnóstico clínico em conjunto com exames específicos. A ressonância magnética do cérebro e da medula espinhal é um dos principais recursos para detectar lesões características da doença. A punção lombar pode ser realizada para analisar a presença de bandas oligoclonais no líquor, um indicativo da inflamação no sistema nervoso central. Outros exames, como a eletroneuromiografia, avaliam a condução dos estímulos nos nervos, enquanto exames de sangue são usados para descartar outras condições que possam apresentar sintomas semelhantes.

HBB – Em que faixa etária a esclerose múltipla costuma surgir?

TP – A esclerose múltipla costuma se manifestar entre os 20 e 40 anos, sendo rara tanto na infância quanto na terceira idade.

HBB – A esclerose múltipla tem cura?

TP – Ainda não há cura para a esclerose múltipla, mas os tratamentos disponíveis são eficazes para controlar a atividade da doença, reduzir os surtos, retardar a progressão e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

HBB – Quais são os principais tratamentos disponíveis?

TP – O tratamento da esclerose múltipla envolve diferentes abordagens, dependendo da fase da doença e dos sintomas apresentados. Os medicamentos modificadores da doença, como interferons, glatirâmer, fingolimode e ocrelizumabe, ajudam a controlar sua progressão. Em surtos agudos, o uso de corticoides pode ser necessário para reduzir a inflamação. Além disso, há tratamentos sintomáticos para fadiga, espasticidade, dor e depressão, assim como terapias complementares, como fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. O acompanhamento psicológico e nutricional também é fundamental para oferecer suporte ao paciente e melhorar sua qualidade de vida.