Na pré-estreia de Os Donos do Jogo, ele apareceu de Dolce & Gabbana, joias Bvlgari, styling de Roberta Campos e fotos de The Nogueira.

Entre um set de gravação e o estúdio, Xamã descobre novos palcos para se expressar. Em “Três Graças”, ele vive Bagdá, chefe da facção da comunidade da Chacrinha. Em “Os Donos do Jogo”, série da Netflix que estreia em 28 de novembro, interpreta Búfalo, um ex-lutador envolvido no crime organizado. Papéis diferentes, mas conectados por um mesmo tema: a masculinidade e suas contradições. “São dois personagens com muitos problemas psicológicos. Mostram o quanto a masculinidade frágil às vezes afeta as escolhas no amor, no trabalho, na vida”, explica.

O ator reflete sobre a realidade das periferias, que servem de pano de fundo e espelho para seus papéis. “O Bagdá foi parar no crime porque não via referências além de arma e droga. O jovem da favela ainda vive isso, e é muito errado.” Já Búfalo, diz ele, carrega uma impulsividade destrutiva, “um perigo ambulante”.

A transição para as telas começou antes mesmo de “Renascer” ir ao ar e rendeu prêmios e novas formas de expressão. “Hoje trago muito do audiovisual para a música. Escrevo como se fossem roteiros. O cinema mudou a forma como eu componho.” O Kikito de Melhor Ator Coadjuvante, recebido no Festival de Gramado por “Cinco Tipos de Medo”, marcou essa virada.

Para Xamã, música, cinema e TV nascem do mesmo lugar: a rua. “Nunca fiz teatro ou cinema de academia. Tudo que aprendi veio das batalhas, das vivências. A vibração da rua faz a arte dar certo.” Ele cita Michael Jackson como referência de quem conseguiu unir as duas linguagens. “Thriller mudou a história da indústria musical.”

Fora dos holofotes, o artista se reconecta com a rotina simples. “Gosto de estar com a família, ver filme, ir à praia, jogar altinha. Essas são as coisas que me mantêm centrado.”

E quando o assunto é moda, Xamã conta que o interesse surgiu aos poucos, conforme os clipes e produções evoluíam. “Já trabalhei em loja, mas não era paixão. Foi com as stylists que comecei a testar e entender que roupa também fala sobre mim.” Hoje, vestir-se é uma forma de se afirmar. “Moda e música são uma revolução.”