Por Juliana Monachesi
“A pintura é uma tecnologia que vai acumulando tempo. Não é que eu pinte como se fazia 500 anos atrás, apenas. Eu utilizo a pintura como um barro tecnológico em sua completude temporal, pintando ora como um moderno, ora como um barroco, ora como um artista do Renascimento”, afirma Max Gómez Canle em entrevista à Bazaar algumas horas antes da abertura de sua exposição individual na Casa Triângulo, em São Paulo.
O artista argentino mostra, em sua segunda individual na galeria, um conjunto de pinturas sobre papel. Apesar da escala intimista das pequenas obras, que retratam paisagens clássicas com apuro técnico e realismo, elas tomam conta do imenso espaço da sala principal da Triângulo. Têm presença. E também estão repletas de mistérios: a escala, o estilo, e as sombras ou reflexos incorporados às paisagens. As sombras são sugestões de alguém ou alguma coisa que estaria atrás do observador, ou mesmo a sombra do próprio.
“Gosto dos dois momentos da pintura: o narrativo, quando o espectador refaz em sua mente a história que está sendo contada ali, e o físico, quando ele percebe a materialidade do objeto”, defende Canle.
No mezanino da galeria, o artista argentino mostra outras experiências com o papel, desde formas cônicas que se destacam da folha de papel e avançam parede adentro até a impressionante série Forma Fantasma (2013). Feita a partir de reproduções de pinturas do século 16 que representam o mito da Torre de Babel, cada uma se completa com uma indicação, pelo artista, do ponto culminante desta torre sem fim.
Max Gómez Canle @ Casa Triângulo
De 30 de agosto a 21 de setembro de 2013
De terça a sábado das 11 às 19 horas
Rua Pais de Araujo 77, Itaim bibi, São Paulo – SP
tel: 11 3167-5621