
Alinne Moraes estrela a série Guerreiros do Sol. Foto: Vinícius Mochizuki
Por trás de cada personagem que Alinne Moraes vive há uma mulher em conflito. E talvez seja exatamente isso que mantém sua trajetória viva — o desejo de mergulhar em emoções que desafiam. Em Guerreiros do Sol, novela da Globoplay ambientada entre as décadas de 1920 e 1930, ela interpreta Jania, uma ativista feminista que luta pelo direito ao voto feminino. “Jania representa a força das mulheres que lutaram por seus direitos na época. É uma luta permanente. Ainda hoje enfrentamos barreiras e desigualdades, por isso precisamos reviver essas lutas até o dia em que a opressão desapareça”, diz.
A trama fala de poder, mas também de medo, coragem e desejo. “O maior desafio foi lidar com a complexidade das emoções. Mostrar o medo e, ao mesmo tempo, a coragem da personagem em tempos tão violentos”, conta. Para Alinne, o poder do voto feminino vai além da política — “invade a cultura e a sociedade como um todo”.

Foto: Vinícius Mochizuki
Depois de tantas personagens marcantes, ela vê em Jania uma espécie de ponto de virada. “Ela chegou em um momento maduro da minha carreira e da minha vida. Uma mulher segura, abnegada, com uma história de amor intensa e simbólica. Foi um presente poder criar emoções de uma época tão importante do século XX.”
Entre novela, cinema e teatro, a atriz parece se mover pelo desafio de transitar entre linguagens. “Cada uma traz uma forma única de expressão. No teatro, a mágica acontece em tempo real — é comunicação imediata.” Seu próximo passo nos palcos será Deus da Carnificina, de Yasmina Reza, previsto para 2026. “O público pode esperar um espetáculo cheio de tensão e humor ácido. As relações humanas são postas à prova. É sobre máscaras e verdades.”

Cena de Guerreiros do Sol – Credito: Globoplay
Mas o que ainda move Alinne Moraes depois de tantos papéis? “Uma personagem que me desafie e uma história que provoque reflexão. Saber que meu trabalho pode fazer alguém se sentir percebido é uma das maiores recompensas da profissão.”
No set, o figurino é parte da transformação. Sobre o guarda-roupa de Guerreiros do Sol, ela se emociona: “Cada peça contava uma história. Vestir aquelas roupas me ajudava a encontrar a personagem. Saía do camarim já preenchida por ela.”

Foto: Vinícius Mochizuki
Longe das câmeras, a relação com a moda é prática, quase intuitiva. “Oscilo entre o elaborado e o instantâneo. Tenho gostado de sair sem bolsa, só com chave e celular. A forma como me visto reflete meu estado de espírito.”
E quando o assunto é beleza, a resposta vem serena: “Possivelmente, abraçar quem eu fui, sou e serei. Trabalhei anos na coxia da moda, sei que muita coisa é truque. A verdadeira beleza está em outro lugar.” Aos 42 anos, Alinne fala sobre autocuidado com a leveza de quem aprendeu a se olhar com amor. “Vejo a preocupação com o corpo como um ato de amor próprio.”

