Aimée de Heeren, Getúlio Vargas, Benedito Valadares e Alzira Vargas, filha do presidente, em Poços de Caldas, 1938 (Foto: Arquivo Alzira Vargas do Amaral Peixoto, FGV CPDOC)

Aimée de Heeren é uma figura misteriosa. Da infância no interior do Paraná ao affair discreto com Getúlio Vargas e a vida agitada que levou como socialite internacional, pouco se sabe sobre os 103 de vida da mulher que entrou para o hall de personalidades mais bem-vestidas do século 20. No Brasil, esteve nos bastidores do Golpe do Estado Novo. Na Europa, assistiu à Segunda Guerra Mundial ao lado da aristocracia. Na vida, amou e quebrou o coração de ditadores e milionários – e, na moda, comprou e vestiu o que havia de mais exclusivo. Quando morreu, em 2006, ganhou o apelido de “a última grande dama” em Nova York e, agora, sua história é contada em um biografia inédita.

Escrita pelo jornalista Delmo Moreira ao longo de dois anos, “A Bem-Amada” (título em homenagem ao apelido de Vargas para a amante) revisita os 103 anos da paranaense que viveu várias vidas em uma. Nascida Sotto Maior de Sá, casou jovem com o chefe de gabinete presidencial, uma ligação que a colocou na mira do presidente-ditador. Foi um caso tórrido, mas discreto: só em 1995, com a publicação dos diários de Getúlio, o romance veio a público. À época, entretanto, a primeira-dama descobriu a traição e Aimée se retirou para Paris em 1939.

“A Bem-Amada: Aimée de Heeren, a última dama do Brasil”, novo livro de Delmo Moreira. (Foto: Divugação/Editora Todavia, 2024)

Lá, descobriu o glamour da aristocracia e da nata artística: virou amiga de Coco Chanel, vestiu Christian Dior antes de ser chic e deu os primeiros passos na jornada que a tornou referência de estilo. Em Palm Beach, já divorciada, conheceu o herdeiro e empresário Rodman de Heeren, com quem casou. Ficaram juntos até o final da vida dele, mas só no papel. Com vidas separadas, Aimée viveu romances individuais – e Assis Chateaubriand e Orson Welles estão entre suas conquistas.

Sempre discreta, a socialite fez do silêncio seu maior barulho e nunca quis ser biografada. Famosamente, recusou vários projetos com a defesa de que “as pessoas só se interessam por crime e sexo. Crime não tem na minha vida, e de sexo eu não vou falar”. Ousada e ácida, manteve a palavra até o fim.

Aimée e Alzira Vargas, filha de Getúlio, em 1938. (Foto: Arquivo Alzira Vargas do Amaral Peixoto, FGV CPDOC)

“A Bem-Amada: Aimée de Heeren, a última dama do Brasil”, por Delmo Moreira, tem 224 páginas e é publicada pela editora Todavia. Já está disponível nas livrarias.