Em uma jornada cinematográfica que promete emocionar e encantar os espectadores, chega às telas o filme “Chiquinha Gonzaga – Música Substantivo Feminino”. Disponível na plataforma de streaming CurtaOn, o documentário conta a trajetória da musicista a partir de relatos de diferentes mulheres, incluindo historiadoras, filósofas, escritoras, musicistas e outras especialistas. A música, que não pode ficar de fora ao falarmos de Chiquinha, é responsabilidade do Grupo Chora – Mulheres na Roda, que reinterpreta diversas canções da artista.
O documentário explora a fascinante trajetória de Chiquinha Gonzaga, uma mulher à frente de seu tempo, cujo legado ressoa até os dias atuais. Assim como a memória, a música também é uma força poderosa que molda e define nossa identidade coletiva e individual – e a artista foi uma verdadeira pioneira nesse universo.
Da composição de suas famosas marchinhas carnavalescas à luta pela abolição da escravidão, Chiquinha era uma mulher muito a frente do seu tempo. Com um casamento conturbado – já que seu marido não apoiava sua veia artística – e impedida de ver os filhos, a compositora passou a tocar em casas noturnas do Rio de Janeiro para conseguir se sustentar. É então que passa a conviver com ex-escravizados e aprende uma musicalidade diferente dos clássicos europeus de sua formação. Ao unir erudição à música popular da época, como polcas, maxixes e marchas-rancho –, Chiquinha marcou a história brasileira.
A produção também aborda as questões raciais, já que a historiografia ignora as raízes negras da musicista, embranquecendo sua trajetória. Além das composições, Chiquinha criou a primeira entidade de proteção aos direitos autorais de compositores teatrais, a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT).
No mês em que celebramos as mulheres, o documentário é uma excelente lembrança de uma potência que, contra tudo o que a sociedade de sua época lhe exigia, escolheu ser livre e lutar pelos que estavam a seu redor.