Em um 2023 repleto de estrelas e destaques, mergulhamos nos bastidores que transformaram o Entretenimento. Neste final de ano, Bazaar reúne os nomes que iluminaram as telas, os palcos e a história da cultura. Perguntamos às nossas estrelas o que marcou em suas carreiras, o mantra para sobreviver ao ano, o mantra para seguir em frente e o que leram, ouviram e assistiram neste ano que está chegando ao fim. Veja os nomes que brilharam e inspire-se!

TELEVISÃO

Letticia Munniz (TV Globo) – Toda semana no Domingão com Huck, é sinônimo de autoaceitação e inspira outras mulheres a vencerem preconceitos

Letticia Munniz | Foto: Harper's Bazaar Brasil

Letticia Munniz | Foto: Marcelo Krasilcic

O que 2023 representou na sua carreira?
Ano de colheita para mim, incrível, o melhor do meu trabalho. Mas não tem como dizer que foi por causa do ano. Colhi tudo que plantei. Em 2011, fui para São Paulo estudar Rádio e TV, para ser a comunicadora que sou hoje. Sou apresentadora formada, os estudos e muitos cursos me trouxeram até aqui. Foi o melhor ano da minha carreira como apresentadora, foi um ano bom para a Letticia influenciadora. Minhas coleções (de roupa) com Magalu ficaram esgotadas. Desfilei muito, fiz muitas coisas com marcas, como campanhas e trabalhos incríveis. Foi, realmente, o melhor ano da minha carreira.

Qual foi o seu mantra para conseguir sobreviver a este ano?
Não tenho do que reclamar, mas foi um ano, também, muito cansativo. Porque, por mais que a gente ame o que faz, tem partes burocráticas que acabam sendo estressantes. Uma coisa que faço toda vez que penso em reclamar – ou porque estou sem dormir ou cansada – lembro nitidamente de quando pedi por aquilo que tenho hoje. Esse é o meu mantra todas as vezes que eu penso em abrir a boca para falar qualquer coisa ruim. Recordo desses momentos de quando orava tanto para estar onde eu estou hoje.

Quais os planos para 2024?
Que a minha carreira enquanto apresentadora seja ainda mais reconhecida, alcance novos lugares. Estudo teatro há muitos anos, também, desde que fui para São Paulo, em 2011 e ingressei no teatro no ano seguinte. Sempre tive que largar por conta de dinheiro. Entrei e saí de diversos cursos, até comecei a fazer algumas coisas enquanto atriz, mas, por não ter conseguido estudar, sentia que não era o meu lugar. De que não deveria fazer algo porque não tava preparada. O ano que vem será o ano de estudar porque não acredito em fazer algo sem se dedicar. Que meu 2024 seja assim de muito trabalho e de muito estudo.

O que você leu, ouviu e assistiu?
Amo Globoplay, é o melhor streaming na minha opinião. Porque ele valoriza muito a arte e os artistas do Brasil. Amei assistir a série Fim, porque é bem realista. Não é aquela série que vai para longe, para o imaginário, sabe? E acabei de ler um livro, que todo mundo deveria ler, chamado Pacto da Branquitude, da Cida Bento. Livro importante porque acredito que a educação salva.. Deveria ser obrigatório para que a gente construa um mundo melhor. Não só para a gente, mas para todo mundo.


TEATRO

Rafaela Azevedo – Escancarou dores do passado, com conselhos e ensinamentos no espetáculo feminista King Kong Fran, que levou quase 25 mil pessoas aos teatros.

Rafaela Azevedo | Foto: Divulgação

O que 2023 representou na sua carreira?
Foi o ano que comecei a ter meu trabalho reconhecido. Tenho dez anos de carreira no teatro como palhaça, atriz, diretora e pesquisadora. Quando entendi que a internet poderia ser uma vitrine, investi pesado nessa plataforma. Ela que está possibilitando que eu, enfim, viva dignamente do meu trabalho no teatro. Foram mais de 24 mil pessoas que assistiram King Kong Fran. Estas 24 mil pessoas estão investindo na minha carreira. Ainda não tenho nenhum patrocinador, por mais que já esteja mais que provada a relevância e capacidade de conversão de público do meu trabalho. Esse investimento por parte de alguma empresa ainda não chegou. Acredito que esse é o próximo passo, se já alcancei tantas pessoas de forma independente, imagina quando a potência do discurso da Fran quando tiver investimento para alçar voos maiores…

Qual foi o seu mantra para conseguir sobreviver a este ano?
O excesso de exposição me despertou um desejo muito forte de fortalecer e preservar minha intimidade. Procuro não esquecer do que posso e quero oferecer para o público é o meu trabalho que eu simbolizo na Fran. Mas para que isso continue sendo saudável, preciso cada vez mais ter momentos de total desconexão com esse arquétipo que eu criei e me conecte com as pessoas que amo e confio para além do que represento publicamente.

Quais os planos para 2024?
Expandir ainda mais a Fran. Tanto na internet quanto nos teatros de todo o Brasil e exterior, rodar bastante com espetáculo. Quero desenvolver mais produtos audiovisuais com ela e começar a preparação de um novo espetáculo.

O que você leu, ouviu e assistiu?
Algo que tem aberto cada vez mais minha cabeça é estudar sobre feminismo decolonial. Indico aqui 2 livros que li e me fizeram refletir profundamente: Uma teoria feminista da violência e um feminismo decolonial, ambos de Françoise Verges.


ARTE

Sallisa Rosa – Um dos nomes mais comentados durante a última Art Basel Miami, com a exposição Topografia da Memória, artista exporá na Pinacoteca em 2024

Sallisa Rosa | Foto: Divulgação – Cortesia de Audemars Piguet

O que 2023 representou na sua carreira?
2023 foi um ano que me abriu para possibilidades internacionais, fui pra Bienal da Guatemala e essa foi uma experiência realmente inspiradora, conheci artistas de outros contextos em diferentes partes do mundo, de alguma maneira a experiência de sair do meu lugar e entrar em contato com outros artistas me ajudou a me entender mais, e isso repercutiu na minha prática.

Qual foi o seu mantra para conseguir sobreviver a este ano?
Tentei de tudo, e o que eu conseguir fazer pra mim foi esse movimento de reprogramar a memória, que é o que eu tenho feito com a terra, enquanto eu moldo a argila eu reprogramo na terra as lembranças, recordações e informações. Isso me ajudou bastante a lidar com o esquecimento e para lembrar dos que tiveram que se esquecer.

Quais os planos para 2024?
Após o carnaval, vou montar a instalação Topografia da Memória na Pina Contemporânea no dia 16 de março. E, durante o ano, vou continuar a residência artística que eu estou fazendo na Rijksakademie, em Amsterdam.

O que você leu, ouviu e assistiu?
Ventura Profana, ela é inspiração na escrita, na fala, na música, na beleza, na fé, na luta, o trabalho dela foi onde me recorri ao longo do ano, pra fincar raízes no futuro que estamos criando.


BUSINESS

Monique Gardenberg (Dueto Produções) – Responsável pelo C6 Fest, voltou à cena com um festival criado do zero, agradando um público apaixonado por música

Monique Gardenberg – Foto: Chris Von Ameln/Divulgação

O que 2023 representou na sua carreira?
Renascimento. Como artista e cidadã. Depois dos anos de asfixia, provocados pelo isolamento e pelo governo anterior, a cultura retorna com toda força. Foi especialmente restaurador receber o convite do C6 Bank para trazer o Free Jazz Festival de volta e produzir finalmente Ópaió 2, travado por quatro anos.

Qual foi o seu mantra para conseguir sobreviver a este ano?
“Respira, mantém a calma e leveza, pensamento claro, vai passar”. Com 40 anos de existência, já vivenciamos tudo – confisco, congelamento, mudança de moeda, indexação da moeda – mas nada se compara aos quatro últimos anos de paralisação. E não se passa por isso sem acumular dívidas e muito medo. Felizmente, a Dueto renasce mais uma vez em 2023, com toda sua potência e criatividade.

Quais os planos para 2024?
Voltar a me dedicar à criação artística. Quero rodar um novo filme e dirigir uma peça em 2024.

O que você leu, ouviu e assistiu?
Contos Morais, de JM Coetzee e A Queda do Céu, de David Kopenawa. Ouvi Raye, Paris Texas, Jaloo (disco novo tá lindo). Nosso Sonho, a história de Claudinho e Buchecha, a série brasileira Cangaço Novo e a peça Traidor, monólogo estupendo com Marco Nanini.


OUTROS NOMES

*Entramos em contato com a assessoria dos artistas, mas não puderam responder até o fechamento deste texto.