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Flutterby, uma de suas instalações musicais – Foto: reprodução

Por Kênya Zanatta

O albanês Anri Sala mudou o foco de seu trabalho ao longo de uma bem-sucedida carreira que o levou a expor em instituições como a Serpentine Gallery, em Londres, e o Centre Georges Pompidou, em Paris. De uma ênfase no conteúdo documentário ele passou a privilegiar a forma, explorando as variações na percepção do som em relação aos espaços arquitetônicos.

Em 2013, Sala representou a França na Bienal de Veneza com a obra Ravel Ravel Unravel – referência aos verbos em inglês para emaranhar e desemaranhar e ao compositor francês Maurice Ravel, cujo Concerto em Ré para a Mão Esquerda está no centro do projeto.

Na primeira parte, Ravel Ravel, o artista filmou dois pianistas tocando separadamente a mesma música. Na instalação, os vídeos são projetados simultaneamente em uma câmara sem eco. Com um dispositivo de espacialização sonora, o espectador se vê imerso em uma verdadeira corrida entre os dois pianistas, que ora tocam sincronizados, ora em andamentos diferentes.

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Nas salas adjacentes, dois outros filmes, sob o título Unravel, mostram uma DJ mixando as duas interpretações do concerto, tentando fazer com que coincidam. A obra é montada pela primeira vez nos EUA a partir deste mês, em uma exposição dedicada a Anri Sala, no New Museum, de Nova York.

Sala se interessa pelas maneiras como o som e a música podem ajudar o público a repensar as relações entre arquitetura e história. Na vídeo-instalação Answer Me (2008), um homem e uma mulher se encontram em uma estação de Berlim na época da Guerra Fria. Cada vez que a mulher diz “answer me”, o homem responde com um rufar de tambores que reverbera pelo espaço arquitetônico. Essa é uma das 16 obras que estão programadas para vir ao Brasil em setembro, quando o artista inaugura sua primeira grande exposição aqui no País. A mostra foi especialmente concebida para a sede do Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro, que o artista visitou no ano passado.

Nascido em Tirana, capital da Albânia, em 1974, Anri Sala completou sua formação artística na França e hoje vive em Berlim. Ele trabalha com fotografia, vídeo, instalações e experimentações sonoras.