
Entre os dias 12 de novembro de 2019 e 2 de fevereiro de 2020, o Instituto Tomie Ohtake estará tomado pelo universo fashion. Isso graças a exposição “Vestindo o Tempo – 70 anos de Moda Italiana”, que percorre as rotas que levaram a produção da Itália a ganhar identidade e notoriedade internacional através de 45 peças dos colecionadores Enrico Quinto e Paolo Tinarelli.
Com curadoria do historiador João Braga, a mostra aborda estilistas, criações e eventos que colaboraram para a projeção da moda italiana desde os anos 1950 até os dias atuais. O nascimento oficial da moda contemporânea italiana – fortemente influenciada pelo mercado francês – aconteceu em 1951, quando o marquês Giovanni Battista Giorgini promoveu um desfile em Florença, especialmente para compradores norte-americanos. Nesse momento, como aponta os colecionadores, se criou um sistema para divulgar pelo mundo inteiro o produto “Made in Italy”.

“No pós-Segunda Guerra Mundia, Christian Dior buscava resgatar a feminilidade perdida nos anos bélicos e assim definiu o chamado ‘New Look’, estética que determinou o gosto da moda do final dos anos 1940 e de quase toda a década seguinte”, afirma Braga. É esse período que a primeira parte da exposição apresenta, mostrando a produção de Emilio Schuberth, Sorelle Fontana, Roberto Capucci e Emilio Pucci.

Na segunda parte, a exposição abarca as décadas de 1970 e 1980, agregando ao trabalho desses estilista, outros nomes que atualizaram a moda ao associá-la ao prêt-à-porter, como Valentino, Fendi, Giorgio Armani, Gianfranco Ferré, Franco Moschino, Gianni Versace, Mila Schön, Elio Fiorucci e Missoni. Para o curador, esses designers, especialmente os voltados à moda jovem, receberam influências da moda inglesa, um tanto transgressora, jovial e pop no anos 1960.

A terceira parte da exposição reúne peças do final do século XX até os dias atuais, quando ganham relevância as antigas e tradicionais casa de marroquinaria (comércio de couro), que já existiam antes mesmo de 1951, como Prada e Gucci. Segundo Braga, é também nesse momento que a moda italiana se reconhece naquilo que sempre lhe foi historicamente peculiar, ou seja, nas suas intensidades.
“Surge assim um novo gosto associado aos exageros, exotismos, luxos e outras características de exuberância visual na criação de marcas como Dolce & Gabbana, Versace, Roberto Cavalli e Fausto Puglisi, além de Prada e Gucci”, conclui o historiador e curador da mostra.
A exposição, ao percorrer esses últimos 70 anos da moda italiana, evidencia seu caráter genuíno e a fidelidade na formatação da identidade fashion do país. “A moda italiana é potente pela permanência do gosto vinculado ao intenso uso e combinação de cores, à presença ampla da estamparia, à valorização da tradição do artesanato local e à busca por novos materiais e tecnologias têxteis”, completa Braga.
Exposição: Vestindo o Tempo – 70 Anos de Moda Italiana
Em cartaz: do dia 12 de novembro de 2019 a 2 de fevereiro de 2020
De terça a domingo, das 11h às 20h – entrada franca
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