
Jaqueline Martins e Maria Montero (Foto: Francio de Holanda)
Em um casarão do fim da década de 1950, de dois andares, com arquitetura de linhas retas, paredes chapadas, piso de madeira e um jardim a céu aberto, surge um novo endereço de arte em São Paulo. As galerias Jaqueline Martins, a dona homônima, e Sé, de Maria Montero, unem forças para apresentar a Martins&Montero, spot de arte que abriu as portas em São Paulo nesta terça-feira (02.04) às vésperas da SP-Arte. Ao invés de ambientes todos brancos, como uma caixa vazia, o espaço exala vida e as marcas do tempo de quem ali viveu. A primeira mostra individual do espaço é a exposição Saberá / As Filhas do Menor Chuvisco, já aberta na Pauliceia, e que ganhará desdobramento na Bélgica a partir do dia 13.
O imóvel, localizado no número 50 na calma Rua Jamaica – a poucos passos da Rua Estados Unidos – promete ser um espaço de diálogo com artistas da nova geração aqui do Brasil e internacionais, já que além de São Paulo a nova galeria terá CEP em Bruxelas, na Bélgica. O responsável pela operação belga é Yuri Oliveira. As sócias entendem que trabalhar em colaboração é uma prática contemporânea, e isso reflete tudo o que tange às iniciativas da galeria, como um programa com artistas contemporâneos em diferentes momentos de carreira, incluindo artistas históricos. “Acreditamos que a beleza das diferenças é a complementaridade”, dizem as sócias em nota.

Jota Mombaça – Djanira #6 (Foto: Jhony Aguiar)
Com a junção das galerias, as sócias entenderam que, combinando seus conhecimentos adquiridos ao longo de mais de uma década de atuação no mercado de arte, poderiam ampliar sua visão e expandir sua área de atuação. “A ideia de imaginar um ambiente de troca, aprendizado e amadurecimento pessoal e empresarial, para assim realizarmos nosso trabalho da forma mais humana e profissional possível, é, na minha visão, a grande força dessa fusão”, comenta Maria. “Essa fusão representa, para mim, uma abertura nos horizontes e nas possibilidades de atuação. Ser uma galeria que discute o mundo em que vivemos hoje e de como chegamos até aqui, enquanto pergunta e resposta numa mesma situação”, complementa Jaqueline.
O primeiro trunfo da nova galeria é ter emplacado três artistas na Bienal de Veneza, curada por Adriano Pedrosa (Masp), com os artistas: Jota Mombaça, Dalton Paula e Manauara Clandestina. A exibição de arte internacional vai de 20 de abril até 24 de novembro, em diferentes espaços na cidade italiana.

Obra “Por isso muito cuidado” (2024), de Jota Mombaça – Foto: José Pelegrini
Jota Mombaça
Para o projeto, a artista retoma um conjunto de obras apresentado em 2020, na 22ª Bienal de Sydney, na Austrália, para reconstruí-lo e expandir seu escopo. É a primeira individual da artista no Brasil, que se divide entre Amsterdã e Lisboa, onde mora e trabalha. Em duas obras, a artista dedica-se às questões de gênero, raça e colonialidade. Para esta exposição, ela apresenta um painel pintado a carvão em grandes dimensões, cerâmicas da série “Djaniras”, realizados em uma residência no Sertão Negro, escola de artes do pintor Dalton Paula próximo a Goiânia, além de um vídeo-arte onde ela se enterra, pela primeira vez, nas areias de sua terra, a capital Natal, do Rio Grande do Norte.
Serviço
Exposição Saberá / As Filhas do Menor Chuvisco, de Jota Mombaça
Funcionamento: De ter. a sáb., das 10 às 19 horas
Galeria Martins&Montero – Rua Jamaica, 50, Jardim América, São Paulo
Aberta ao público a partir desta quarta (03.04) e segue até maio