Leona Cavalli – Foto: Jonathan Giuliani, com make de Luiz Villacorta

Por Diogo Rufino Machado

Leona Cavalli tem uma trajetória longa na encenação. Pisou em um palco pela primeira vez aos 6 anos. Aos 16 já estava no teatro, mesmo antes da graduação. Com muito estudo e dedicação, conquistou atributos como disciplina, persistência e prazer em aprender. Por isso, enxerga que estar na TV é importante, mas é imprescindível experimentar outras linguagens como teatro, cinema e streaming, pois, quanto mais diversidade, melhor.

Enxerga suas personagens como filhos e, por isso, não consegue definir uma só como a mais importante da sua carreira. A sua próxima personagem será Iris Abravanel, ainda viva, contemporânea e muito conhecida, a qual ela não busca imitar, mas sim se inspirar.

Sempre preocupada com o meio que a cerca, fora da TV, Leona participa da ONG Paz Sem Fronteiras, contribuindo para questões ambientais e das populações indígenas no Rio de Janeiro.

Leia a entrevista para a Bazaar a seguir:

Como foi sua estreia no teatro aos 16 anos, mesmo antes de ter estudado artes cênicas na PUC-SP?

A primeira vez que atuei em um palco foi aos 6 anos, no teatrinho da escola onde estudava. Depois, com 16, fiz minha primeira peça adulta “A Valsa n 6” do Nelson Rodrigues, dirigida por meu primeiro diretor, que se tornou também meu primeiro namorado, o Zé Barbosa Costa. Entrei pra Faculdade de Artes Cênicas logo após, ainda em Porto Alegre, na Universidade Federal (UFRGS). Depois vim pra São Paulo e a primeira peça que fiz foi no Teatro da PUC, “O Homem e o Cavalo”, de Oswald de Andrade, com supervisão da grande atriz Lélia Abramo. Acho que esse meu começo, com muito estudo e dedicação, trouxe disciplina, persistência e prazer em aprender, que são indispensáveis na carreira; mas que não estão apenas em quem faz uma graduação. Existem muitos atores e atrizes excelentes que não tiveram formação acadêmica, mas que desenvolveram essas qualidades imprescindíveis de outras formas. Pra mim, foi essencial, mas a trajetória de cada um é única; o fundamental é estudar, e jamais parar de buscar aprimoramento.

Você estreou na TV em 2002, na série “Os Normais”. Esse momento foi crucial na sua carreira? Estar na TV faz diferença para um ator?

Foi uma sorte estrear em um programa maravilhoso como “Os Normais”. Naquele momento eu estava fazendo no teatro “Um Bonde Chamado Desejo”, que é um clássico de Tennesse Willians. Depois, quando fiz a minha primeira novela, “Belíssima”, do Sílvio de Abreu, ele me chamou porque tinha me visto no teatro também. Por isso, acho que fazer TV é importante, faz muita diferença sim, porque amplia o público; mas é importante continuar no teatro, procurar atuar no cinema, até no streaming, experimentar diversas linguagens, quanto mais diversidade melhor.

Leona Cavalli – Foto: Jonathan Giuliani, com make de Luiz Villacorta

Qual foi a personagem mais marcante da sua carreira e por quê?

São muitos personagens importantes. Cada um no seu tempo. São como filhos. Não dá pra escolher um. Mas tem alguns que marcam um momento de transformação, e acabam se tornando mais marcantes. Posso citar no teatro Ofélia, em “Hamlet” de Shakespeare, que foi minha estreia no teatro profissional, no Oficina. Frida Kahlo, que foi um sucesso de 3 anos em cartaz, recente, da Maria Adelaide Amaral; no cinema, a Dalva de “Um Céu de Estrelas”, da Tata Amaral, que ganhei vários prêmios; e Elisa, a mais recente, do filme “A Cerca”, que vai estrear esse ano, direção do Papinha; na TV a Dália de “Duas Caras”, do Aguinaldo Silva; e Zarolha de “Gabriela”, de Walcyr Carrasco, para citar algumas.

Leona em cena da série “Rei da TV” – Foto: Divulgação

Como foi a preparação para viver Íris Abravanel?

É sempre um desafio interpretar uma pessoa viva, contemporânea, conhecida, como é o caso da Íris; naturalmente não busquei imita-la, mas sim assisti a várias entrevistas e referências e me inspirei nela, que é uma mulher muito forte e inteligente. A série conta a história da família do Silvio Santos, que se funde um pouco com a história da própria TV brasileira, com personagens conhecidos do público, e, ao mesmo tempo, mostra muito dos bastidores, do que ainda é desconhecido. A direção geral é do Marcus Baldini, que fez tudo com uma linguagem de cinema, diferente do esperado, o que acho ainda mais interessante.

Você participa da ONG Paz Sem Fronteiras, que tem um cunho muito ambiental e social com relação às populações indígenas no Rio de Janeiro. Como é trabalhar lá?

Faço parte da ONG Paz Sem Fronteiras, que atua a mais de 10 anos auxiliando comunidades indígenas, artistas de circo e fazendo atividades ambientais, como reflorestamento, caminhadas ecológicas, e plantio de sementes ancestrais, sem agrotóxicos, para doação. No Rio de Janeiro auxiliamos a Aldeia Vertical Maracanã, que abriga várias etnias num prédio; além de fazermos doações de cestas básicas para quem precisa. Sinto que é muito importante participar de ações humanitárias de forma voluntária, sem esperar nada em troca; acredito que faz parte do nosso crescimento como ser humano, somos uma única raça, vivendo no mesmo planeta, é necessário um auxílio mútuo, todos ganham com isso.