Por Marcus Preto
O segundo semestre promete um aquecimento em escala ascendente no universo da música brasileira. Turnês importantes e festivais com foco específico na MPB vão tomar conta da programação nacional a partir do mês que vem e devem seguir crescendo por todo o ano de 2016. Um certo novo boom da MPB começa a esquentar em agosto, quando a turnê Dois Amigos, Um Século de Música, de Gilberto Gil e Caetano Veloso, chega a São Paulo – primeira cidade brasileira a receber o show que une as vozes e os violões dos dois baianos. A estreia mundial aconteceu no dia 25 do mês passado, na Holanda, e rodou 18 cidades europeias.
A ideia de somar forças foi a que, até aqui, regeu esse novo momento. E quando não é possível reunir dois nomes tão emblemáticos quanto os dos inventores da Tropicália, veteranos se juntam a nomes da nova geração e aprendem com eles as leis de sobrevivência. Bom exemplo foi a turnê Linha de Frente, de Milton Nascimento e Criolo, que rola desde o ano passado. Os artistas fundiram não apenas os públicos, mas também os prestígios. É mais ou menos esse o raciocínio que também tem feito brotar os festivais de música brasileira. Se no passado tínhamos apenas eventos em que os astros internacionais eram o gancho, como o Rock in Rio, o momento atual traz uma série de festivais especificamente para atrações nacionais.
Outro bom dueto, desta vez behind de scenes, o empresário Fernando Altério, da Time for Fun, se une a Flora Gil, mulher de Gil, para circular com o Festival MPB. A primeira edição, que serviu de modelo para o que virá, aconteceu em dezembro do ano passado, na área externa do Centro de Convenções, em Recife. Dividido em dois dias, o line up misturou nomes de grande projeção popular, como Marisa Monte, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ana Carolina, Banda do Mar, Seu Jorge, Lenine e Maria Gadú, com artistas da cena pernambucana, como Tibério Azul, Mombojó, Vitor Araújo, Nena Queiroga, Ylana Queiroga e Nação Zumbi. A próxima edição acontece em novembro, em São Paulo. As seguintes estão programadas para Recife e para o Rio de Janeiro, entre o final deste ano e as Olimpíadas de 2016. O conceito segue o mesmo: unir artistas consagrados e nomes emergentes da cena musical de cada cidade.
Ainda maior do que o “MPB”, o clássico Festival de Águas Claras deve ganhar sua quinta edição no primeiro semestre do ano que vem. O evento – que aconteceu em 1975, 1981, 1983 e 1984 em Iacanga, interior de São Paulo – não é um festival de rock. Sua filosofia eclética foi capaz de reunir, em uma mesma edição, nomes tão díspares como Arthur Moreira Lima, Paulinho da Viola, Raul Seixas e João Gilberto. Com três dias de programação (ainda não fechada) e cerca de oito shows por dia, a nova edição do Águas Claras deve acontecer em Brotas, a 240 km da capital paulista.
Há ainda o Coala Festival, que já acontece em São Paulo há dois anos, sempre em meados de março. A estreia, em 2014, levou seis mil pessoas ao vão livre do Memorial da América Latina, com escalação que misturava os maiores Tom Zé e Criolo com as jovens bandas O Terno, Trupe Chá de Boldo, 5 a Seco e Charlie e os Marretas. A segunda edição, em 14 de março deste ano, colocou no palco Marcelo D2, Otto, Saulo Duarte e as bandas Bixiga 70, Selton e Mustache e os Apaches. A mesma equipe já trabalha na edição de março de 2016. A tendência do resgate nacional, ainda bem, deve seguir forte. Alegria, alegria, como diria Caetano.