Exposição fica em cartaz até 4 de novembro, na capital (Foto: Joao Caldas)

Cordas, contas, palha, cerâmica, barro, madeira e resina são alguns dos materiais usados por Maria Nepomuceno para a exposição Big Bang Boca, em cartaz no Instituto Artium de Cultura, em São Paulo. A mostra tem curadoria de Danniel Rangel – colaborador de Bazaar – e fica aberta ao público, de forma gratuita, até 4 de novembro. Composta por uma única instalação em grande formato, desenvolvida especialmente para a arquitetura do espaço, a obra começa no jardim do palacete e invade os salões internos, como um grande organismo vivo. Nela, a artista usa técnicas de manufatura tradicionais e outras inventadas, além de inserir objetos cotidianos trazendo uma referência ao surrealismo.

A configuração dá luz a elementos e cores, colocando o espectador como parte da obra, como explica o curador. “Formas vulcânicas pulsam no interior da sala principal, como um organismo vivo, cheio de veias, capilares e artérias – que nos remetem não só ao nosso corpo, mas também ao universo e ao planeta. Ao espectador basta somente identificar-se ou ser absorvido completamente por bocas famintas e tentáculos que serpenteiam pelo espaço”, conta Rangel.

Foto: Joao Caldas

Sobre as emoções que deseja transmitir ao público, Maria Nepomuceno afirma que propõe por meio da obra uma pulsação vital, uma energia de regeneração. “A construção em espiral da obra evoca uma ideia de expansão constante, um movimento que tende ao infinito e propõe uma afirmação da energia vital. Acredito que essa seja a principal contribuição que minha arte pode oferecer ao público: uma pulsão de vitalidade, regeneração e ao mesmo tempo, uma suspensão do tempo, arremata. Segundo a artista, o processo manual e minucioso de costura confere uma dimensão atemporal, um tempo que transcende as medidas convencionais e se mantém “dilatado em suspensão”.

Ela explica que teve a oportunidade de explorar a arquitetura do palacete a partir do jardim, como se emergisse naturalmente desse ambiente. “Gradualmente, ela se expande, escala paredes e adentra a sala através da janela, criando uma sensação de invasão, mas de maneira acolhedora”, detalha Maria. “A ideia dessa obra contrapõe outros trabalhos que desenvolvi durante a pandemia, em que os organismos escapavam pelas janelas. Agora, os organismos enraizados partem da própria natureza, ocupando o espaço interior de forma orgânica e conectam-se à estrutura arquitetônica do salão”, pontua. Esta relação com a terra reflete um desejo profundo de aterramento, de reforçar a importância do retorno à natureza e de expandir suas raízes simbólicas através da instalação.


Serviço

Exposição “Big Bang Boca”, de Maria Nepomuceno
Até 4 de novembro de 2023, no Instituto Artium de Cultura
Rua Piauí, 874 – Higienópolis, São Paulo – SP – Brasil – 01241-000
De qua. a sex., 12h às 18h. Sáb. e dom., das 10h às 18h. Seg. e ter.: fechado.
Entrada gratuita