Duhig¢, Nepu Arquepu [Rede Macaco] [Monkey Hammock], 2019
Ao longo dos anos, o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) vem contextualizando o passar do tempo em diferentes setores. Neste 2023, dedica-se às Histórias Indígenas, oferecendo, a partir do dia 20, novas narrativas visuais, inclusivas, diversas e plurais com trabalhos de artistas das Américas do Sul e do Norte, Oceania e Escandinávia. “Como não existe apenas uma história a ser contada, abrimos o leque de realidades identitárias. Vários povos originários, falando de identidade e ancestralidade no mundo contemporâneo”, afirma Kássia Borges Karajá. Ela assina a curadoria coletiva ao lado de Edson Kayapó e Renata Tupinambá, além de outros nomes internacionais.
Ao todo, 285 obras de aproximadamente 170 artistas, em diferentes mídias e tipologias, origens e épocas, ocupam as galerias do 1º andar e 2º subsolo do museu. Vão desde o período anterior à colonização europeia até a atualidade. “É uma gama enorme de diversidade, de vida, cosmologia e mundos”, reforça. A mostra é dividida em oito núcleos, um deles temático, intitulado Ativismos. O restante engloba o mundo, registrando a diversidade a partir das práticas artísticas. “Serve para que o público conheça ou se reconheça. Se isso acontecer, será nossa maior conquista.”
O núcleo brasileiro revela olhares culturais sobre temporalidade, expressões e cuidados dos povos originários focados em preservação e ciclos da natureza – em diálogo com o visível e o invisível. Além de histórias de criação e maternidade, espiritualidade, cotidiano e educação. “A história está sendo recontada. A da arte e a do Brasil mesmo, e não de intelectuais não indígenas. Porque escreveram outras histórias. É poder recontar a partir do nosso ponto de vista e do nosso pensar, da nossa maneira de pensar e ver as coisas.” Se esses mundos são desconhecidos para alguns, basta revisitar o passado para se dar conta de que a cultura não está tão distante assim. “Isso se deve à familiaridade dessa realidade vivida no dia a dia”, reforça Kássia. Para ela, o resgate, inclusão e assumir o lugar de fala são mais que urgentes. “Adentrar lugares que não foram pensados para nós. Vivemos muitas questões que deixaram grande ferida nas nossas populações e povos que existiram aqui.” Em cartaz até 25 de fevereiro do próximo ano, a mostra viaja para o museu Kode, na Noruega, onde fica de abril a agosto de 2024.