
A história do Brasil é profundamente marcada pelas contribuições de mulheres negras que, mesmo diante de violências estruturais, abriram caminhos, transformaram suas comunidades e deixaram legados que atravessam séculos. Elas foram líderes políticas, escritoras pioneiras, jornalistas revolucionárias, intelectuais influentes — e continuam sendo referências na construção de um país mais justo, plural e consciente.
Neste Dia da Consciência Negra, revisitar suas trajetórias é reafirmar que a luta contra o racismo e pela equidade não se faz apenas com memória, mas com reconhecimento. Cada uma dessas mulheres deixou marcas que moldaram a cultura, a educação, a política, a comunicação e os imaginários do Brasil. Elas reescreveram narrativas e abriram portas para que novas gerações possam existir com mais liberdade.
A seguir, destacamos mulheres negras fundamentais — da resistência nos quilombos aos palcos, redações e lideranças contemporâneas — mostrando como suas histórias seguem vivas, potentes e urgentes.
Dandara dos Palmares — Símbolo maior da resistência negra
Guerreira e estrategista do Quilombo dos Palmares, lutou pela autonomia do povo negro durante o período colonial. Sua liderança militar e comunitária representa coragem, resistência e organização coletiva — fundamentos da luta antirracista no Brasil.
Tereza de Benguela — A liderança política dos quilombos
Comandou o Quilombo do Quariterê no século XVIII, estruturando agricultura, defesa, comércio e um sistema político avançado. Tereza simboliza a capacidade de gestão, inteligência estratégica e autonomia de mulheres negras mesmo sob perseguição colonial.
Maria Firmina dos Reis — A pioneira da literatura abolicionista
Primeira romancista negra brasileira, autora de Úrsula (1859). Educadora e abolicionista, introduziu uma visão humanizada sobre a escravidão muito antes da abolição, marcando a literatura brasileira com sensibilidade, crítica social e inovação.

Antonieta de Barros Foto: UFMG
Antonieta de Barros — A primeira deputada negra do país
Jornalista, educadora e parlamentar em Santa Catarina, foi a primeira mulher negra eleita no Brasil (1934). Defensora da educação como ferramenta de emancipação, abriu espaço para a presença de mulheres negras na política institucional.

Carolina Maria de Jesus – Foto: UFMG
Carolina Maria de Jesus — A voz que rompeu o silêncio das favelas
Autora de Quarto de Despejo, transformou sua vivência na favela do Canindé em literatura potente, denunciando desigualdade e fome. Tornou-se uma das escritoras brasileiras mais lidas internacionalmente, referência de força e autenticidade.

Ruth de Souza – Foto: Camila Maia
Ruth de Souza — A pioneira da dramaturgia brasileira
Primeira grande estrela negra do teatro e cinema no país. Indicada ao Festival de Veneza, rompeu barreiras raciais no audiovisual e abriu caminhos para futuras gerações de artistas negras.

Gloria Maria – Foto: Reprodução/Instagram/@gloriamaria
Gloria Maria — A jornalista que expandiu horizontes
Primeira repórter negra de destaque nacional, viajou o mundo, cobriu conflitos, entrevistou líderes globais e conquistou o público com carisma e excelência. Uma referência definitiva para a comunicação no Brasil.

Djamila Ribeiro – Foto: Reprodução/Instagram/@djamilaribeiro
Djamila Ribeiro — A intelectual mais influente do feminismo negro brasileiro
Filósofa e escritora, suas obras tornaram acessível o debate sobre raça, gênero e desigualdade. Hoje é uma das autoras mais lidas e citadas do país, influenciando políticas, educação e a cultura contemporânea.

Ana Maria Gonçalves/Reprodução/Instagram/@_anamariagoncalves
Ana Maria Gonçalves — A literatura que reconta o Brasil
Autora de Um Defeito de Cor, um dos romances mais importantes do século XXI, reconta a história da diáspora africana com profundidade, pesquisa e sensibilidade. Sua escrita resgata memórias, identidades e protagonismos silenciados.

Jaqueline Goes de Jesus – Foto: Reprodução/Instagram/@drajaquelinegoes
Jaqueline Goes de Jesus — A cientista que sequenciou o vírus da Covid-19 em tempo recorde
Biomédica, pesquisadora e referência internacional em vigilância genômica. Liderou o grupo que sequenciou o genoma do SARS-CoV-2 no Brasil em apenas 48 horas — um dos sequenciamentos mais rápidos do mundo. Seu trabalho foi essencial para compreender a circulação do vírus, orientar políticas públicas e acelerar respostas científicas durante a pandemia.
Hoje, Jaqueline é símbolo de excelência científica, tecnologia brasileira e representatividade negra na ciência.

