
Obra de Lebohang Kganye – Foto: Divulgação
No dia 23 de agosto, o Sesc Pompeia inaugura a exposição “O Poder de Minhas Mãos”, que poderá ser visitada até 18 de janeiro de 2026. A mostra reúne a produção de 25 artistas mulheres vindas de diferentes regiões — Brasil, França, países africanos e a diáspora — em um encontro que atravessa memórias, corpos e histórias. A iniciativa integra a Temporada França-Brasil 2025, programa que busca ampliar diálogos culturais, sociais e políticos entre os dois países.
Criada originalmente no Musée d’Art Moderne de Paris durante a Temporada África 2020, a exposição chega ao Brasil em uma versão expandida. As curadoras Odile Burluraux, Suzana Sousa e Aline Albuquerque conduzem o projeto, que nesta edição incorporou novas vozes, aproximando práticas artísticas desenvolvidas em território brasileiro de outras que nascem no continente africano e em suas diásporas. O resultado é um conjunto de obras que se cruzam entre a autorrepresentação, a resistência e a invenção de mundos possíveis.

Obra de Alexia Ferreira – Foto: Divulgação
A experiência proposta não é apenas estética: é também política. Dividida em quatro núcleos — “Estórias Pessoais”, “Histórias e Ficções”, “O Pessoal é Político” e “Performances” —, a mostra apresenta diferentes maneiras de pensar o feminino, a ancestralidade, a espiritualidade e as dinâmicas de exclusão e pertencimento. Para Luiz Galina, diretor do Sesc São Paulo, o recorte ganha uma dimensão singular no Brasil: “As artistas brasileiras intensificam os diálogos com a África e sua diáspora. São narrativas que partem do cotidiano e afirmam o lugar dessas mulheres na construção de futuros coletivos.”
A filósofa Djamila Ribeiro, que participa com um texto crítico, reforça essa potência ao afirmar que a produção artística negra não apenas denuncia ou registra resistências, mas é em si mesma um gesto de luta e de criação: “Ela abre espaços de reconhecimento e de pertencimento onde antes havia apenas apagamento.”

Obra de Eliana Amorim – Foto: Divulgação
Os trabalhos apresentados são de Aléxia Ferreira, Aline Motta, Ana Pi, Ana Silva, Buhlebezwe Siwani, Castiel Vitorino Brasileiro, Dhiovana Barroso, Eliana Amorim, Fabiana Ex-Souza, Gabrielle Goliath, Gê Viana, Grace Ndiritu, Kapwani Kiwanga, Jasi Pereira, Lebohang Kganye, Lerato Shadi, Lidia Lisbôa, Lucimélia Romão, Pedra Silva, Reinata Sadimba, Senzeni Marasela, Soupixo, Stacey Gillian Abe, Terroristas del Amor e Wura-Natasha Ogunji.

Obra de Soupixo – Foto: Divulgação
A mostra insere-se na Temporada França-Brasil 2025, fruto de um acordo firmado entre Emmanuel Macron e Luiz Inácio Lula da Silva. A programação aborda temas como clima e transição ecológica, diversidade e diálogo com a África, democracia e desenvolvimento sustentável. De abril a dezembro, a temporada reúne iniciativas nos dois países em áreas como artes visuais, música, literatura, patrimônio, teatro, cinema, ciência e economia criativa, com atenção especial à juventude, aos direitos humanos e às trocas profissionais. O Sesc São Paulo soma-se a essa rede de cooperação com mais de vinte ações espalhadas pela cidade.