
Após a divulgação dos nomeados ao Oscar 2016, feita na última quinta-feira (14.01), a Academia está tendo que lidar com diversas críticas. A falta de atores negros indicados, assim como a de mulheres roteristas e de diretoras, e a ausência do longa Carol nas categorias principais estão entre as reclamações. A presidente da Academy of Motion Picture Arts and Sciences, Cheryl Boone Isaacs, alegou que está desapontada e que a diversidade na indústria cinematográfica deve ser melhorada, mas que isso não tira o mérito dos filmes nomeados.
A última vez que negros concorreram nas categorias de ator/atriz principal e coadjuvante foi em 2013, com Chiewetel Ejiofor e Lupita Nyong’o, pelos papéis em 12 Anos de Escravidão, e Barkhad Abdi, por Capitão Phillips. Neste ano, ficaram de fora nomes como Samuel L. Jackson, estrela de Os Oito Odiados, e Idris Elba, por Beasts of No Nation.

Spike Lee, diretor homenageado do Oscar 2016, anunciou seu boicote a cerimônia, não como desrespeito aos seus amigos da academia, mas como protesto contra os estúdios de cinema e TV de Hollywood. Jada Pinkett Smith apoiou a posição de Lee em sua conta no Twitter.
A criadora da hashtag #OscarSoWhite, April Reign, disse em entrevista ao Los Angeles Times que está desapontada, mas não surpresa. “Isso só me mostra que a indústria não está interessada em mudar o status quo. Além de, equivocadamente, assumir que apenas filmes sobre homens héteros brancos irão trazer audiência”, disse.

Sua alegação nos remete a outro problema de diversidade nas categorias e nos votantes da academia. Entre os 6 mil membros, a maioria é branca, do sexo masculino e acima dos 50 anos. Se quisermos diversidade, temos que propagar ela. Apesar da nomeação de Cheryl, uma mulher negra, como presidente da academia ter sido vista e aclamada como um suspiro ou esperança para uma mudança no cenário, as premiações têm mostrado o contrário.
Nas principais categorias (melhor filme e melhor diretor) não há nenhuma mulher concorrendo. Isso confirma o quadro preocupante, onde, em 87 anos de Oscar, apenas quatro diretoras concorreram e Kathryn Bigelow foi a única a vencer como Melhor Diretora. Phyllis Naggy, roteirista de Carol, também não concorre na sua categoria, revivendo o caso de Gillian Flynn, autora do livro e da adaptação de Garota Exemplar. Sofia Coppola está entre as pouquíssimas mulheres vencedoras por roteiro original.
