Para Bruno Montaleone, a vida vem em ondas: “planejando uma nova versão minha”

Por Duda Leite

O carioca Bruno Montaleone é um sedutor nato. Chamou a atenção do público ao protagonizar cenas de sexo escaldantes em Verdades Secretas 2 (Globoplay), de Walcyr Carrasco, onde interpretava Matheus Ewbank – um modelo que se envolvia com o book azul – esquema de prostituição de luxo – e transava com uma família inteira, exatamente como o personagem de Terence Stamp fazia no filme Teorema, de Pier Paolo Pasolini. “Era uma referência direta. Assisti a esse filme umas dez vezes para esse papel”, conta o ator via Zoom, da casa no Rio de Janeiro.

Aos 27 anos, o ator chega aos cinemas na pele de Ian Clarke, de Perdida, produção da Star Original Productions – selo da Disney para filmes nacionais, que estreia nesta quinta (13.07). Na obra, baseada no best-seller de Carina Rissi, Sofia (Giovanna Grigio) é a jovem por quem Ian se apaixona. Moderna e independente, é obcecada pelos romances de Jane Austen. Como em um passe de mágica, se teletransporta para o século 19, onde é acolhida pela família do rapaz. “O Ian Clarke foi o mais complexo que já fiz, junto com meu personagem de O Lado Bom De Ser Traída (filme com Giovanna Lancelotti, previsto para o segundo semestre na Netflix). Foram personagens que me baquearam”, conta.

A referência mais próxima na obra de Austen para Ian Clarke é Mr. Darcy, personagem do romance Orgulho e Preconceito. No cinema, o personagem icônico foi interpretado, entre outros, por Matthew Macfadyen (da série Succession), na versão dirigida por Joe Wright, em 2005. Na TV, Colin Firth interpretou o mesmo personagem em uma série da BBC, lançada em 1995. “Minha mãe é apaixonada por Jane Austen. Então, eu já estava muito acostumado com a figura do Mr. Darcy, um baita sucesso. Ian faz parte desse universo literário. Ele é o homem perfeito. É um garoto órfão, forçado muito cedo a se tornar um homem e tomar conta da herança”, conta. Para viver o cara responsável, culto e justo, houve um processo interno de muita preparação. “E ele é criador de cavalos, então fiquei em uma fazenda, vivendo o dia a dia de um peão, para entender como funciona”.

Bruno é bastante ativo em sua página no Instagram. Em alguns stories, refaz cenas de filmes norte-americanos famosos. Questionamos se, como outros atores de sua geração, tem vontade de tentar uma carreira no exterior. “Tenho sim, mas no momento estou recebendo ótimos convites por aqui. Fico em dúvida se devo parar tudo para tentar ir para lá. Acho que a resposta para essa pergunta virá com o tempo. É preciso estar preparado para quando essa chance aparecer”, diz. “Meu inglês é muito bom, e acho que, se ficar lá alguns meses, consigo aperfeiçoar ainda mais. Faço cenas em inglês todos os dias. E, às vezes, em línguas que nem existem (risos). A gente vê muitos filmes americanos, e acaba pegando muito da cultura. Não só inglês, mas espanhol também. Tem muita produção interessante nessa língua. Fora os argentinos, que também fazem ótimo cinema”. Seu desejo é viajar, conhecer e estudar.

Ainda nos stories, Bruno gosta de exibir seus talentos musicais, tocando guitarra e arriscando alguns vocais. Mas será que ele consideraria trocar a carreira de ator pela música? “Aí você toca em um lugar muito pessoal. Gosto muito de música. Sempre fui apaixonado. Desde pequeno, tinha essa coisa elétrica, queria tocar bateria. Morava em um apartamento pequeno, não podia ter bateria, então meu pai me deu um violão e fui aprendendo. Aprendi a tocar guitarra e, agora, tenho essas três aqui (mostra as guitarras). Mas é uma coisa para a qual nunca consegui me dedicar 100%. Até tento, mas minha carreira de ator, meu foco principal, acaba tomando conta. Acabei de montar um home studio, agora meu próximo desafio é aprender a editar, para poder me encontrar musicalmente e aí, sim, me lançar como músico”. Por enquanto, vai se virando. “Gosto do movimento”.

Atualmente no ar em Amor Perfeito (Globo), onde interpreta Ivan, um salva-vidas cobiçado por todas as moças de Águas de São Jacinto, cidade fictícia do interior de Minas Gerais, onde se passa a trama das 18h. Na vida real, Bruno namora a cantora Clarissa, indicada ao Grammy Latino. Após interpretar personagens tão sedutores e desejados em séries, novelas e filmes, o que seduz Bruno? “Todo mundo tem suas preferências em termos de aspectos físicos. Gosto muito de pessoas desenvoltas. Tenho um senso de humor que, às vezes, é bastante ácido. Gosto de pessoas rápidas que curtam o meu humor. Sempre vai pelo lado da personalidade. E sedução é essa coisa que está no ar. Não tem uma palavra para definir. Gosto de pessoas sedutoras”.

A excêntrica editora de moda Diana Vreeland, que durante muitos anos foi a editora-chefe da Harper’s Bazaar americana, declarou, certa vez, que só tinha inveja de uma coisa: os surfistas. Segundo Vreeland, a água é o tranquilizante de Deus. “Ser um surfista seria a coisa mais linda para mim”, disse certa vez. Bruno também é fã do esporte. “Adoro, mas estou uma vergonha. Eu cresci surfando. Quando era pequeno, praticamente todas as viagens eram para surfar. Mais velho, as viagens foram ficando mais tranquilas”. Bruno já fez check-in em Bali, El Salvador e Nicarágua para citar alguns exemplos. “A vida de um surfista é ficar cantando novos lugares, ondas e culturas. Quando consigo viajar com a Clarissa, a gente já pensa em lugares que têm onda, para satisfazer os dois. Mas moro no Rio, então poderia surfar muito mais do que tenho feito. Porém, a novela está dando bastante trabalho”. Por isso, tem preferido descansar a surfar. “Quero voltar a fazer jiu-jitsu. Estou planejando uma nova versão minha. Acabei de fazer aniversário (ele completou 27 anos em 19 de junho), então estou repensando certas coisas. Tem hábitos saudáveis que quero trazer de volta para minha rotina, e o surfe é um deles”. Wipe out!

Perdida chega aos cinemas nesta quinta, dia 13 de julho.